Título: Lula parte para o ataque contra Alckmin
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 13/10/2006, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão partindo para o ataque direto contra seu oponente, Geraldo Alckmin (PSDB). Em um discurso agressivo, Lula procurou demonstrar o que chamou de "profunda diferença "que existiria entre ele e o tucano. Acusou o PSDB e o PFL de "sempre trabalharam para uma pequena elite". Disse que a oposição faz "uma campanha de ódio, dividindo a nação". Afirmou que seus opositores no poder " privatizaram e encolheram a economia".

Depois do bombardeio ao tucano, Lula fez um "mea culpa" por não ter ido a debates no segundo turno, e afirmou que a oposição, ao atacá-lo pelo escândalo do dossiê, tenta transformar o segundo turno em "tema de delegacia de polícia".

O programa encerrou procurando valorizar os apoios que o presidente já recebeu: os governadores eleitos Binho Marques (PT-AC), Waldez de Góes (PDT-AP), Marcelo Miranda (PMDB-TO), Cid Gomes (PSB-CE), Jaques Wagner (PT-BA), Wellington Dias (PT-PI) e Marcelo Déda (PT-SE) e os candidatos aos governos do Rio de Janeiro, senador Sérgio Cabral Filho (PMDB), e de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), gravaram mensagens de adesão.

O programa da tarde foi usado para uma edição do debate entre os presidenciáveis na TV Bandeirantes, no último domingo, onde Lula aparece como claro vencedor. O uso do debate da Bandeirantes também foi feito por Alckmin, mas de maneira discreta.

Reprodução de TV Alckmin: "O Brasil tem pressa. O Brasil dos escândalos tem que ficar no passado" O tucano, que reprisou o programa vespertino à noite, destacou apenas quatro trechos, entre eles a primeira pergunta que fez a Lula, no primeiro bloco do debate: "De onde veio o dinheiro sujo para comprar um dossiê com informações falsas?", afirmou Alckmin. Nenhum apoio no segundo turno foi mostrado pelo tucano, que recebeu críticas ao aceitar a adesão do ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PMDB).

A linha agressiva do programa petista é uma novidade na estratégia televisiva de Lula, em relação ao primeiro turno, e um contraste com o tom que marcou a disputa final entre o petista e o então candidato tucano José Serra, em 2002.

Na época, como agora, Lula liderava as pesquisas, mas não partiu para o ataque contra o tucano: coube ao PSDB iniciar a ofensiva, com o depoimento em que atriz Regina Duarte afirmava ter medo de um eventual governo Lula.

O programa de Alckmin repetiu alguns trechos do horário eleitoral do primeiro turno bem avaliados por sua equipe. Novamente o tucano apareceu mostrando buracos nas estradas do Maranhão e do Pará e um posto abandonado na fronteira do Brasil com a Bolívia, no Mato Grosso do Sul. O tucano encerrou com um pronunciamento de tom otimista.

"O Brasil tem pressa. O Brasil dos escândalos tem que ficar no passado. Chegou um novo tempo, de olhar para a saúde, de nos unirmos por um plano de segurança, de pormos em prática um Plano Nacional de Desenvolvimento. O Brasil não pode perder tempo com dossiês fajutos ", disse o tucano.