Título: Serra ataca bilhete único mensal do PT
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 29/08/2012, Política, p. A5

A proposta do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, de criar um bilhete único mensal para o transporte público municipal caminha para o centro do debate na eleição da capital paulista. Depois de tentar grudar-lhe a pecha de "bilhete mensaleiro", em alusão à ação penal 470, vulgo mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), a campanha do concorrente José Serra (PSDB) busca agora dar à ideia o caráter de "taxa" e vinculá-la à chamada taxa do lixo, criada na gestão ex-prefeita petista Marta Suplicy. Em resposta, o PT já preparou uma inserção na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrará os eventuais benefícios do bilhete mensal.

A nova peça criada pela campanha tucana, de aproximadamente um minuto de duração e veiculada desde ontem através do site de Serra, diz que Haddad, que foi chefe de gabinete da secretaria municipal de Finanças durante o governo Marta, seria o autor da taxa do lixo. "Você viu na televisão as pessoas apresentando o Haddad como se ele fosse um desconhecido. Na verdade ele é um velho conhecido. Duvida? Você lembra da taxa do lixo? Então, foi o Haddad que fez". O Projeto de Lei nº 685/02, que criou o Sistema de Limpeza Urbana da cidade, instituiu três tipos de cobrança diferentes, a depender do tipo de resíduo gerado. A proposta era de autoria do Executivo.

"Agora ele [Haddad] quer criar uma nova taxa: a taxa do ônibus. Isso mesmo. Mas sem nome de taxa, né? Estão chamando de bilhete único mensal", continua a propaganda tucana, que alega que a cobrança de um valor fixo por mês para o uso livre do bilhete único nos ônibus de São Paulo seria "uma taxa que você paga mesmo que não use o transporte".

"Você ficou em casa vendo o futebol? Paga. Você foi andar de bike no parque? Paga. Você paga 30 dias por mês, usando ou não", continua a peça, finalizada com um carimbo onde se lê "PT e suas taxas. O velho jeito de governar, em nova embalagem". Segundo a assessoria da campanha, o vídeo não será usado como inserção na programação televisiva, já que ultrapassa os 30 segundos regulamentares. Não foi revelado, no entanto, se integrará dos 7 minutos e meio de propaganda a que Serra terá direito hoje.

O vídeo tucano em nenhum momento esclarece que a adoção da modalidade mensal do bilhete, de acordo com a proposta petista, não é compulsória. Quem preferir adquirir créditos em separado ou pagar diariamente pelo transporte, tal como é hoje, poderá continuar a fazê-lo.

O contra-ataque petista, criado em uma inserção curta para veiculação dentro da programação normal de TV, é protagonizado por Lula e Haddad. "Com Marta, criamos o bilhete único. Com Haddad, virá o bilhete único mensal", diz o ex-presidente, dando a deixa para o candidato completar: "você vai poder andar a qualquer hora, a qualquer dia do mês. Para o trabalho, o estudo, o lazer, sem pagar mais".

A campanha do PT calcula que o bilhete único mensal deverá custar em torno de R$ 140 por mês. Os recursos necessários para a implantação do programa seriam de R$ 400 milhões por ano e viriam do orçamento do município, hoje em torno de R$ 40 bilhões.

Os vídeos tendem a acirrar a animosidade entre as candidaturas. Desde a propaganda de sexta-feira, a campanha de Serra tem apostado alto na propaganda negativa contra o PT, acusando a sigla de traçar "planos mirabolantes" para a saúde, mas ter deixado em condições precárias a área durante seu período como governo.