Título: Déficit comercial é recorde nos EUA
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Fonte: Valor Econômico, 13/10/2006, Internacional, p. A11

Um dia depois de anunciarem o menor déficit fiscal desde 2002, os EUA divulgaram ontem novo recorde no déficit comercial. O resultado deve ser que o déficit em conta corrente americano continuará num nível elevado.

O déficit comercial subiu 2,7% em agosto, para US$ 69,9 bilhões, o segundo recorde mensal seguido. A alta ficou acima do esperado pelo mercado e foi causada principalmente pelo petróleo, cuja cotação estava subindo naquele mês.

As importações subiram 2,4%, para US$ 192,3 bilhões, enquanto que as exportações subiram 2,3%, para US$ 122,4 bilhões.

Com isso, o déficit comercial acumulado neste ano chega a US$ 784,2 bilhões, 9,4% a mais que no mesmo período do ano passado. Só o déficit com a China superou US$ 22 bilhões (alta de 12,2%) e deve no ano passar dos US$ 202 bilhões de 2005.

O déficit de agosto levou analistas a reverem as projeções para a economia americana. "O dado foi muito ruim. Esperamos agora um crescimento bastante fraco no terceiro trimestre, bem abaixo de 2%", afirmou David Sloan, da consultoria 4Cast, de Nova York.

Já o aumento da receita tributária dos EUA levou a uma redução do déficit fiscal para US$ 247,7 bilhões no ano fiscal de 2006 (encerrado em setembro). O déficit equivale a 1,9% do PIB americano. No ano fiscal de 2005, ficou em US$ 318,7 bilhões. O resultado deste ano é o menor desde 2002, quando o déficit foi de US$ 157,8 bilhões.

A um mês das eleições legislativas, o presidente George W. Bush aproveitou o anúncio, anteontem, para dizer que "os números são prova de que políticas econômicas pró-crescimento funcionam".

A receita fiscal de 2006 atingiu o recorde de US$ 2,4 trilhões, 11,8% a mais que em 2005. Mas os gastos também cresceram, para US$ 2,6 trilhões. A alta de 12,6% na receita de impostos de pessoas físicas se deveu à recuperação do mercado de ações. A receita com as empresas cresceu 27,2%, graças a uma expansão acentuada dos lucros.

Com a redução do ritmo da economia, os ganhos da receita fiscal não vão manter esse ritmo.