Título: Aquisição reforça presença da Net em SP
Autor: Magalhães, Heloisa
Fonte: Valor Econômico, 13/10/2006, Empresas, p. B2

A compra da Vivax pela Net, anunciada ontem, representa um reforço estratégico no Estado de São Paulo, onde a maior operadora de TV a cabo do país está em pé de guerra com a Telefônica, que recentemente submeteu à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) uma solicitação para explorar uma licença de DTH (televisão paga via satélite).

Com a aquisição, a Net passa a atuar em 41 cidades do Estado de São Paulo, sendo que 31 eram da Vivax e 11 já pertenciam à Net. Haverá superposição apenas na cidade de Santos. Essa dupla presença no litoral paulista deverá ser avaliada junto com a Anatel.

O presidente da Net, Francisco Valim, disse ontem ao Valor que o negócio foi "uma oportunidade". Segundo ele, a empresa quer concorrer com as grandes operadoras de telecomunicações oferecendo serviços de voz, banda larga e TV por assinatura. Para ele, as concessionárias hoje formam um verdadeiro monopólio nas suas respectivas áreas de atuação e desenvolvem o que ele define como "um jogo de amigos", em que cada uma não atua na região da outra.

Enquanto aguarda a decisão da Anatel, o grupo Telefônica fez parceria com a Astralsat, que detém a outorga de DTH. O presidente da Telefônica, Fernando Xavier, afirmou na semana passada, em evento do setor, que não existem restrições na lei para uma operadora fixa atuar em MMDS (microondas) ou DTH.

Valim discorda. Lembra que a Lei de Telecomunicações estabelece que as concessionárias não podem oferecer TV a cabo nas respectivas áreas de operação. Mas diz que tanto a Anatel como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) não vêem diferença na tecnologia. Para ambos, TV a cabo e satélite são a mesma coisa e oferecem televisão por assinatura.

"Precisamos ampliar a concorrência nos serviços já que hoje a banda larga e serviços de voz são monopólio", disse Valim.

Ele explicou que a estratégia da Net hoje é bastante ampla e tem objetivo de promover a competição em banda larga e voz. Isso porque, segundo Valim, na televisão por assinatura já existe concorrência. A Net tem hoje 38% do mercado e passará a 45% se a compra da Vivax for aprovada pela Anatel.

Para ele, se as teles tivessem 38% do mercado seria razoável. "Em voz, elas têm 87%, isso é que é monopólio", comenta. Entretanto, ele diz que não há impedimento na legislação das concessionárias oferecerem a chamada IPTV (televisão pelo protocolo da internet).

"O que elas querem fazer é o mesmo que a gente", observou Valim, que criticou também a intenção das concessionárias brasileiras de entrarem no negócio de WiMax, que reúne voz, dados e imagem em redes sem fio.

"É absolutamente ridículo quererem licença para oferecer WiMax nas respectivas áreas de concessão. Eles já têm redes de cabos de cobre e não faz sentido partirem para outra infra-estrutura na mesma área em que já atuam."