Título: Redução de projeção do PIB de 2012 por analistas é generalizada entre setores
Autor: Giffoni, Carlos; Lorenzo, Francine De
Fonte: Valor Econômico, 04/09/2012, Brasil, p. A3

A redução da projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2012 pela quinta semana consecutiva no boletim Focus, do Banco Central, foi disseminada entre os três setores que compõem o indicador. Nesta semana, a mediana das projeções de crescimento para o PIB recuou de 1,73% para 1,64%. Para 2013, a expectativa se manteve em crescimento de 4%.

O previsão para o PIB industrial foi a que sofreu maior reajuste nesta semana. No último boletim, o mercado esperava crescimento de 0,51% do PIB do setor em 2012. No Focus desta semana, a expectativa recuou para crescimento de 0,05%.

De acordo com dados do IBGE divulgados na sexta-feira, o PIB da indústria recuou 2,5% no segundo trimestre deste ano, na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve contração de 2,4%.

A previsão de PIB do setor agropecuário em 2012 também foi reajustada, de queda de 0,40% na semana passada para queda de 0,48% nesta semana. O PIB agropecuário cresceu 4,9% na comparação dessazonalizada entre o segundo e o primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE.

Já o setor de serviços, que responde pela maior parte da economia brasileira, teve suas projeções de crescimento em 2012 revisadas de 2,48% na semana passada para 2,42% nesta semana. No PIB do segundo trimestre, serviços cresceu 0,7% na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior.

Para o economista Flavio Serrano, do BES Investimento, a redução na estimativa de crescimento do PIB em 2012, apontada pelo boletim Focus, resulta de um ajuste de dados, após contabilizadas as informações sobre o desempenho da economia brasileira no segundo trimestre, divulgadas na sexta-feira.

De acordo com Serrano, não houve no mercado uma mudança de expectativa em relação à atividade econômica no Brasil em 2012. "Os dados do PIB do segundo trimestre só reforçaram um cenário que já era conhecido, de investimento fraco e consumo ainda forte. O que vemos agora no Focus são apenas ajustes."

O economista explica que, devido ao baixo nível de crescimento projetado para a economia brasileira neste ano, pequenas modificações fazem diferença. "Se os dados confirmados do trimestre trazem alguma diferença em relação aos números estimados, ainda que mínima, isso altera a projeção para o ano, mesmo que não tenha havido mudança nas estimativas para os trimestres seguintes."

Já os números da produção industrial, diz Serrano, foram influenciados também pela proximidade de divulgação da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física. Hoje, o IBGE apresentará os resultados referentes a julho.