Título: Conselhos aprovam fusão do Intesa e Sanpaolo e criam gigante na Europa
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/10/2006, Finanças, p. C8

Os conselhos dos bancos italianos Banca Intesa e Sanpaolo IMI aprovaram ontem uma fusão para criar um dos dez maiores bancos da Europa, superando a oposição do Banco Santander, acionista minoritário do Sanpaolo. O Crédit Agricole, principal investidor do Intesa com uma fatia de 18%, apoiou o acordo, mas apenas depois de o Intesa concordar em vender cerca de 650 agências por 6 bilhões de euros (US$ 7,5 bilhões), permitindo que o francês se tornasse um grande player no norte da Itália.

O acordo entre os bancos italianos, o maior da Europa na última década, marca também um novo passo na cena bancária italiana, à medida que os bancos domésticos uniram forças para competir com novos concorrentes estrangeiros. O novo peso pesado do setor bancário terá um valor de mercado de cerca de 70 bilhões de euros(US$ 87,9 bilhões) e deve ser o sexto no ranking de bancos europeus. Terá cerca de 12 milhões de clientes.

A expectativa é que os acionistas do Intesa e do Sanpaolo aprovem a fusão no final de novembro, segundo informações do Sanpaolo. O banco combinado deverá começar a operar no início do próximo ano.

"Do ponto de vista da indústria, o acordo é bom. O banco será o número um na Itália e todos os bancos europeus querem estar na Itália agora", disse Pierre-Alexandre Pechmeze, analista de bancos do Oddo Securities.

Com a aquisição das agências do Intesa, o Crédit Agricole, segundo maior banco da França, ganhará clientes nas regiões ricas do norte da Itália. O Crédit Agricole vai pagar 4,8 bilhões de euros pelas unidades da Cassa di Risparmio di Parma e Piacenza e do Banca Popolare FriulAdria, além de 193 outras agências.

O Crédit Agricole está comprando as agências junto com seu principal acionista francês e o grupo bancário italiano Fondazione Cariparma, que vão contribuir com 1,2 bilhão de euros.

O diretor-presidente do Crédit Agricole, Georges Pauget, vinha negociando a aquisição das agências desde que o Intesa acertou em agosto a fusão com o Sanpaolo IMI. "A Itália é um mercado lucrativo e isso dará ao Agricole boas perspectivas de crescimento lá", disse Jerome Forneris, que ajuda a gerenciar US$ 7,5 bilhões para o Banque Martin Maurel de Marselha, na França. "Mesmo assim, o preço não é barato e terá algum peso no curto prazo."

O Intesa, liderado pelo diretor-presidente Corrado Passera, de 51 anos, terá um ganho contábil de cerca de 4 bilhões de euros com a venda das agências. O Intesa e o Crédit Agricole pretendem estudar o futuro de sua joint-venture na área de administração de ativos, inclusive a possibilidade de ampliá-la para que ela inclua a unidade de administração de fundos do Sanpaolo em Turin. O banco francês também tem a opção de vender sua participação de 65% de volta para o Intesa a partir de 1º de fevereiro. As instituições disseram que vão manter a parceria na área de crédito ao consumidor.