Título: Lula diz que é alvo por "trabalhar para todos"
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2006, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem, Dia do Professor, de café da manhã de campanha com 50 educadores em um hotel de luxo em Brasília. Nos dois discursos proferidos durante o evento, o petista manteve a linha de se colocar como defensor de pobres e negros e como alvo de críticas por "governar para todos".

"Acabou o tempo em que o Brasil era governado para um terço da sua população. Ele tem de ser governado para todos. Eu sei que tem gente que não gosta que a gente olhe para os índios, eu sei que tem gente que não gosta que a gente olhe para os negros, eu sei que tem gente que não gosta que a gente olhe para os pobres", discursou Lula. E prosseguiu: "Tem sempre gente achando que do jeito que está, está bom e que, se a gente for dar para todos, vai tirar um pouco deles. Aqui ninguém quer tirar de ninguém. O que nós queremos é partilhar corretamente o pão de cada dia e o resultado do trabalho de cada dia", disse.

O evento de campanha era uma homenagem do petista aos profissionais da educação mas tornou-se uma demonstração de apoio da Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação (CNTE) à reeleição de Lula.

O presidente elencou realizações de seu governo mas gastou a maior parte dos dois discursos com promessas em um eventual segundo mandato. Garantiu que irá colocar mais 300 mil estudantes nas universidades por meio do Universidade para Todos (ProUni, programa de bolsas em universidades particulares) e instalar extensões universitárias e escolas técnicas em cada cidade-pólo do país. Lula também prometeu criar um piso salarial nacional para os professor com a aprovação do Fundeb, em tramitação no Congresso. O presidente demonstrou vontade de ver a educação se tornar uma prioridade no país. "Que Deus permita que a gente viva para ver a educação ser definitivamente prioridade, prioridade e prioridade do nosso país", afirmou.

Mas sobre a sua administração, o presidente pediu paciência, já que a revolução da educação demoraria até 20 anos para ser feita. "Eu tenho certeza que com o que estamos pensando para a educação os nossos filhos, os nosso netos viverão em um Brasil muito mais justo de oportunidades do que o que nós temos até agora", disse. Também participaram do evento a primeira-dama Marisa Letícia, o coordenador de campanha do PT, Marco Aurélio Garcia, e os ministros da Educação, Fernando Haddad, e de Relações Institucionais, Tarso Genro. Depois do evento, Lula gravou programas eleitorais numa produtora e passou o dia com a família na Granja do Torto.