Título: Alckmin critica demora em investigação da PF
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2006, Política, p. A6

O candidato do PSDB à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, focou suas críticas na atuação da Polícia Federal. Depois de um mês de investigações sobre a origem dos recursos usados na compra de um dossiê pelo PT, contra políticos tucanos, o candidato cobrou esclarecimentos e defendeu o acompanhamento das investigações por entidades como a OAB.

"As investigações andam a passo de tartaruga. É um desrespeito à população brasileira", atacou. O candidato defendeu que tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu rival na disputa eleitoral, quanto o PT esclareçam o caso.

Alckmin evitou falar das polêmicas que envolvem sua candidatura, principalmente em relação às privatizações. Como forma de despistar, elevou o tom crítico do discurso contra Lula. Além de reclamar do modelo de crescimento econômico do país, o candidato tucano contestou a linha econômica do governo federal.

"O Brasil com esse modelo do Lula não vai crescer. Porque é aumento de gastos, aumento de impostos, juros muito altos e corte de investimentos", reclamou. "Eles tiveram quatro anos e não cortaram gastos supérfluos. Pelo contrário, aumentaram os gastos com o aparelhamento do Estado. Não é emprego para o povo, é emprego para petistas, para a companheirada", disse ontem, em uma caminhada pelo bairro do Capão Redondo, periferia de São Paulo.

Alckmin evitou detalhar quais seriam os gastos cortados em seu governo. Em meio a críticas às propostas de corte de "gastos supérfluos" defendida pelo presidente Lula, o tucano apenas garantiu que não privatizará nenhuma empresa pública. Como garantia das promessas, Alckmin disse endossar um documento assinado pelo PDT, no qual estão o comprometimento com a não privatização, o estabelecimento de um piso salarial da Previdência e os direitos dos trabalhadores, além da defesa de investimentos em educação e de crescimento econômico. O tucano corteja o partido do senador Cristovam Buarque e tenta, com as propostas, selar a aliança.

Até mesmo na defesa de suas propostas, a estratégia de Alckmin é o ataque ao adversário. "Vou reduzir impostos, começando pelo preço da passagem do ônibus e do trem. O PIS/ Cofins sobre o óleo diesel, sobre a energia elétrica, onera a população mais pobre".

Ontem, no dia do professor, Alckmin propôs a criação de um piso salarial para os professores de toda a rede pública do país. Caso o Estado ou o município não consigam garantir os recursos financeiros, o tucano disse que a União arcará com os gastos. O presidenciável disse que se empenhará na aprovação do Fundeb, para destinar recursos à educação básica.