Título: Disputa equilibra força do PT e do PSDB nas grandes cidades
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2006, Política, p. A10

Em quatro anos, a distribuição de votos do PT e do PSDB equilibrou-se no país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu a liderança absoluta dos votos nos municípios populosos, com mais de 1 milhão de eleitores, mas continuou crescendo nas cidades pequenas e nos grotões. Geraldo Alckmin, candidato tucano à Presidência, conseguiu mais que o dobro dos votos conquistados por seu partido em 2002, distribuídos nas áreas metropolitanas e em cidades com mais de 200 mil eleitores.

O desempenho comparado dos dois partidos revela que PT e PSDB ampliaram os votos de forma oposta, em relação a 2002, de acordo com o levantamento feito pelo Valor Data. Os tucanos cresceram em todas as faixas de municípios e conquistaram 33 dos 75 municípios com maior número de eleitores. O resultado reverteu o quadro da eleição de 2002, quando o então candidato José Serra não teve maioria em nenhuma dessas cidades. Alckmin saiu vitorioso no maior colégio eleitoral, São Paulo. Quatro anos atrás, a maior cidade em que Serra ganhou foi Caruaru, em Pernambuco, com 153.997 eleitores. O candidato tucano conseguiu também melhorar o desempenho nas cidades médias, entre 50 mil e 200 mil eleitores, de 9 cidades em que Serra foi melhor que Lula para 144.

Nesta eleição, a força dos votos nos municípios com mais de 1 milhão de eleitores do PT diminuiu de 38,9% para 33,8% na votação de Lula. Nas cidades grandes, com mais de 200 mil habitantes, mesmo o PT sendo o partido com mais prefeituras 30 (seguido pelo PSDB, 21 e o PMDB, com 16), a capilaridade da campanha não foi suficiente para barrar o crescimento da candidatura opositora. Embora com uma queda menor o peso da votação nessa faixa caiu de 38,7% para 37, 6%.

O PSDB cresceu de 19,695 milhões de votos para 39,95 milhões. Mesmo nas cidades com mais de 1 milhão de eleitores em que Alckmin não venceu, o PSDB ampliou sua força, como no caso de Salvador. Lula teve 872.600 dos votos e Alckmin 227.685, melhorando o desempenho obtido em 2002, quando Serra teve 51.600 e o petista, 825.187.

Mesmo com a ampliação do eleitorado, o PSDB não conseguiu a vitória no primeiro turno porque o PT também ampliou seu eleitorado, de 34,2% para 37,1%. O crescimento mais significativo foi nas cidades pequenas, com menos de 50 mil eleitores. A base de votos do PT nos municípios entre 10 mil e 50 mil, Lula cresceu de 29,6% para 38,6%. O crescimento foi ainda maior nos grotões, com menos de 10 mil eleitores: de 28,3% para 38,2%.

A situação é inversa à eleição passada: em 2002, o núcleo dos municípios pequenos rendeu a Serra os melhores resultados e garantiu ao PSDB uma vaga no segundo turno. O tucano conseguiu mais de 10 milhões de votos nessas cidades, do total de 19,695 milhões.

O resultado das urnas desta eleição do PT e do PSDB segue o quadro já desenhado em 2004, quando os tucanos ganharam as prefeituras das cidades grandes e os petistas, das médias. Entretanto, difere da disputa presidencial passada, quando a estratégia eleitoral da campanha de Lula focou a busca pelo voto nas capitais, nas cidades metropolitanas e populosas. Os 62 municípios com mais eleitores em todo o país e nos três Estados com maior colégio eleitoral, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, configuraram a "Operação 65", vitoriosa nas urnas.