Título: PT vê benefícios eleitorais no embate Dilma x FHC
Autor: Martins , Daniela
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2012, Política, p. A10

O embate entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi saudado no PT como um impulso às campanhas eleitorais de seus candidatos.

O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), afirmou que a presidente Dilma Rousseff fez um "necessário freio de arrumação" ao rebater as críticas de Fernando Henrique Cardoso à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, seu sucessor.

"Ela só fez um necessário freio de arrumação. Ela recolocou as coisas no devido lugar", declarou.

Sobre o tom da nota divulgada ontem, Tatto afirmou que "Fernando Henrique pediu". "Estamos em época de eleição. Querer descolar a imagem da Dilma da de Lula é desconhecer a relação dos dois", disse.

Na segunda, Dilma reagiu em tom duro a um artigo de Fernando Henrique publicado em jornais no domingo em que o ex-presidente afirma que o governo Lula deixou como legado uma "herança pesada". "É pesada como chumbo a herança desse estilo bombástico de governar que esconde males morais e prejuízos materiais sensíveis para o futuro da Nação", escreveu o ex-presidente.

Em nota, Dilma afirmou que recebeu do seu antecessor "uma herança bendita". "Não recebi um país sob intervenção do FMI (Fundo Monetário Internacional) ou sob a ameaça de apagão", disse, em referência ao governo tucano. A presidente também defendeu Lula, chamando-o de democrata, em contraponto à emenda que permitiu a reeleição do tucano.

O PSDB reagiu ontem à nota da presidente com um editorial em sua página na internet, intitulado "Em defesa do contraditório".

No texto, a direção do partido se diz surpreendida pela reação da presidente, que atribui às pressões do PT para que aja como seu antecessor, "especialista em tentar reescrever a história brasileira de acordo com suas conveniências".

O editorial diz que Dilma incorreu em erros ao ressaltar que seu antecessor havia recebido um país sob "intervenção" do Fundo Monetário Internacional (FMI) do governo FHC.

"Esqueceu a presidente de lembrar o pânico gerado, em 2002, nos meios financeiros só com a possibilidade de vitória do candidato do PT, o que chegou a provocar corrida bancária e forte elevação da taxa de juros, além de desencadear pressões inflacionárias", diz o editorial.

O texto tucano diz que foram estas as razões que levaram o então presidente Fernando Henrique a negociar um acordo com o FMI.