Título: Sindusfarma investe em programa de qualificação
Autor: Giardino, Andrea e Salgado, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2006, Especial, p. A16
Na tentativa de incluir as pessoas com deficiências que ficaram tanto tempo à margem do mercado de trabalho, iniciativa privada e setor público estão atrás de soluções de curto prazo que possam resolver o problema. Parcerias entre empresas e governo têm ocorrido com freqüência para prepará-las para as vagas abertas no mercado.
O setor farmacêutico resolveu abrir programa de qualificação para as indústrias do ramo. As aulas da primeira turma começam hoje, com 16 alunos que terão treinamento ao longo de 104 horas, divididas em quatro módulos: noções de informática, desenvolvimento de competências, comunicação e atendimento.
A iniciativa é do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), que fechou acordo com a Delegacia Regional do Trabalho (DRT), e precisa cumprir um programa de qualificação e contratação nos próximos dois anos.
De acordo com Arnaldo Pedace, gerente de relações sindicais e trabalhistas do Sindusfarma, 44 empresas do ramo aderiram ao programa. Ele explica que a indústria farmacêutica exige alto nível de qualificação de seus funcionários e que a maioria dos deficientes que está no mercado não atende essas exigências. "A fiscalização apertou a partir de 2005 e, para cumprirmos as cotas, não há outra saída que não a qualificação."
O Ministério do Trabalho, por meio do Plano Nacional de Qualificação, de 2003, tem dado prioridade de acesso em programas de qualificação a pessoas com deficiências, mulheres chefes de família e negros. O papel do governo é trabalhar em conjunto com prefeituras e Estados que desenvolvem projetos na área. O papel do ministério é custear as iniciativas, pagando educadores, fornecendo material didático e equipamentos.
Almerico Biondi, diretor de qualificação do ministério, diz que o objetivo principal não é quantidade, mas sim a qualidade dos cursos oferecidos. "Não podemos pensar em formar um monte de pessoas com deficiências em cursos genéricos. Temos que ver qual a demanda, quais são as vagas oferecidas pelo mercado e capacitar as pessoas para esses postos."
Um exemplo bem-sucedido, conta Biondi, é o telecentro instalado na cidade de Taguatinga, a 21 quilômetros de Brasília, que foi planejado para atender pessoas com deficiências. No entanto, hoje, ele só é capaz de atender cerca de 20 alunos.