Título: Deputado deixará disputa em Osasco e vice será o candidato a prefeito
Autor: Basile, Juliano; Magro, Maíra
Fonte: Valor Econômico, 30/08/2012, Política, p. A7

Único dos 37 réus do mensalão a se candidatar nas eleições municipais de 2012, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) seguirá o roteiro já combinado com seu partido e deixará a disputa pela Prefeitura de Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Segundo dirigentes da sigla, a saída de cena será feita "de maneira digna".

O PT não fará qualquer manifestação pública mais dura contra o parlamentar. Vai esperar que ele mesmo escolha quando e como anunciará a desistência. Seu vice, Jorge Lapas (PT), ex-secretário municipal de governo e homem da confiança do atual prefeito, Emídio de Souza (PT), será alçado ao posto de candidato.

No início das discussões sobre sua sucessão, contam dirigentes petistas, Emídio defendeu que Lapas fosse o candidato. Acreditava que, além da possibilidade de condenação, a candidatura de João Paulo enquanto réu seria nociva à boa imagem obtida por sua gestão junto à população - Emídio conclui neste ano seu segundo mandato. A postulação de João Paulo, no entanto, era a única que detinha uma maioria clara de apoiadores no PT local - outras hipóteses levariam a sigla a uma disputa interna por meio de prévias. O próprio João Paulo se negava a crer que poderia ser condenado, dizem petistas próximos.

O prefeito então costurou um acordo com os outros 19 partidos que compõem a coligação (PSL, PMDB, PSDC, PTN, PTC, PTdoB, PRTB, PSC, PR, PP, PPL, PDT, PRP, PV, DEM, PCdoB, PSB, PRB e PHS) para formar uma chapa com o também petista Lapas na vice.

Permeada pela proximidade do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), a candidatura de João Paulo, mostram as pesquisas, em nenhum momento decolou. Ele esteve sempre atrás nas intenções de voto em relação ao concorrente Celso Giglio (PSDB), deputado estadual e ex-prefeito da cidade. A pesquisa mais recente, realizada pelo Instituto Sebran entre os dias 18 e 22 deste mês, mostra o tucano com 39,6% das intenções, contra 20,4% obtidos pelo petista.

Durante debate entre os candidatos à Prefeitura de Osasco na TV Bandeirantes, há duas semanas, João Paulo Cunha foi questionado sobre o julgamento e disse então estar "absolutamente tranquilo". "Tenho o orgulho de ter o apoio da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula", observou.

Líderes do PT avaliam que é preciso dar um "respiro" para João Paulo e respeitar o momento difícil - a condenação no Supremo praticamente sepulta a carreira política do parlamentar, que chegou a vislumbrar concorrer ao governo de São Paulo antes de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como participante do suposto esquema de corrupção conhecido como mensalão. Com base na Lei da Ficha Limpa, ele perderá seus direitos políticos e ficará inelegível por oito anos.