Título: Rhodia Energy vai negociar créditos de carbono na bolsa
Autor: Vieira, André
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2006, Empresas, p. B7

A Rhodia Energy Brasil aderiu à Chicago Climate Exchange (Bolsa de Clima de Chicago), bolsa auto-regulável criada nos Estados Unidos para negociação de créditos de carbono.

A subsidiária brasileira, controlada pela empresa química francesa Rhodia, apresentou projeto à CCX, como é conhecida a bolsa americana, na sigla em inglês, que reduz a emissão dos gases causadores do efeito estufa no Brasil.

"O ingresso na CCX abre um novo mercado para a nossa companhia", disse o presidente mundial da Rhodia Energy, o francês Phillipe Rosier, por telefone, de Chicago, ao Valor.

A empresa já possui dois projetos enquadrados no âmbito do Protocolo de Kyoto. Com o programa atual levado à CCX, a companhia abre uma segunda frente de atuação.

Neste projeto, a Rhodia investiu US$ 6 milhões entre 2002 e 2005 para fazer a conversão de caldeiras abastecidas por óleo combustível por gás natural - fornecido pela Comgás - nas unidades industriais de Santo André e Paulínia, ambas no Estado de São Paulo.

Com a mudança, a empresa prevê atingir, até 2010, a meta de redução de 6% da emissão de gás carbônico nas duas unidades em relação ao observado em 2000. "Acredito que poderemos superar a meta", aposta o presidente da Rhodia Energy para a América Latina, José Matias.

Phillipe Rosier considera cedo prever a quantidade de emissão de gases a ser reduzida nas duas fábricas. Mas especialistas avaliam que projetos desta envergadura possam reduzir em 1 milhão de toneladas de gases poluentes na atmosfera.

A Rhodia Energy Brasil, que acabou de ser constituída, é a primeira empresa química da América Latina e a quinta companhia brasileira a fazer parte do CCX. Antes disso, apenas fabricantes do setor de papel e celulose integravam a bolsa de Chicago - Aracruz Celulose, Klabin, Suzano Papel e Celulose e Cenibra -, informou o vice-presidente da Chicago Climate Exchange, Rafael Marques.

Atuando como consultoria, a Rhodia Energy atende não só as operações da empresa química francesa, mas também prevê desenvolver programas para outros setores e companhias, disse José Matias, da subsidiária latina.

Na semana passada, a Rhodia Energy formou a Orbeo, uma joint-venture, em partes iguais, com o banco francês Societé Générale para a operar no mercado de créditos de carbono. A Orbeo, que será presidida por Rosier, criará liquidez no mercado, oferecendo cerca de 100 milhões de toneladas de créditos gerados nos programas em andamento no âmbito do Protocolo de Kyoto.

A Rhodia tem dois projetos enquadrados no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), aprovados por um conselho executivo da Organização das Nações Unidas. Por essa modalidade, empresas de países industrializados podem investir em projetos para redução das emissões dos gases do efeito estufa em países em desenvolvimento.

Antecipado em reportagem do Valor em dezembro de 2005, um dos projetos, que fica em Paulínia, está em fase de implantação. O outro, na Coréia do Sul, já começou sua operação. Os dois programas correspondem a 19% dos projetos MDL registrados na ONU, segundo a Rhodia.