Título: Com safra maior, Caramuru deve elevar esmagamento
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2006, Agronegócios, p. B10

A Caramuru espera retomar na safra 2006/07 o volume de originação de soja do ciclo 2004/05, quando processou 1,5 milhão de toneladas. Na safra passada, a empresa esmagou 1,38 milhão de toneladas, 9% menos que no ciclo anterior, devido aos preços mais baixos e à dificuldade de encontrar soja em Goiás - principal região fornecedora da empresa e que teve quebra de 8,4% na safra passada.

Segundo César Borges de Sousa, vice-presidente da Caramuru, a perspectiva é esmagar 1,54 milhão de toneladas em 2006/07, volume 10% superior ao da safra passada. A expansão deve-se principalmente às perspectivas de aumento da produção de soja no país. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima produção entre 53,54 milhões e 55,03 milhões de toneladas, ante 53,41 milhões em 2005/06. Analistas de mercado prevêem entre 52 milhões e 56 milhões de toneladas.

Para Goiás, a Conab prevê redução de área de até 11%, para 2,21 milhões de hectares, com produção mínima de 5,96 milhões de toneladas (volume 6,8% inferior ao obtido na safra passada).

Por enquanto, a Caramuru manterá a preferência pela soja convencional, diz Borges, tendo em vista as perspectivas de aumento dos prêmios pagos por compradores internacionais, especialmente europeus.

Para o empresário, o avanço do plantio de transgênicos preocupa mais que a redução de área. Fontes do setor estimam que pelo menos 50% da soja plantada em Goiás será geneticamente modificada. A empresa fez acordo com produtores e se comprometeu a pagar um bônus pelo grão convencional, para garantir matéria-prima para esmagamento.

Na safra 2005/06, os prêmios recebidos pela companhia pelo farelo não-transgênico, por exemplo, ficaram entre US$ 7 a US$ 8 por tonelada. No período, a Caramuru exportou em torno de 460 mil toneladas desse produto. Estima elevar o volume para 500 mil toneladas no próximo ciclo.

No caso da lecitina, que este ano recebe prêmios médios de US$ 1 mil por tonelada, a empresa projeta elevar os embarques de 9,3 mil para 9,45 mil toneladas na próxima safra.

Sousa observa ainda que, pela primeira vez, o mercado internacional ofereceu prêmios pelo óleo não-transgênico, que variaram de US$ 26 a US$ 30 por tonelada. A Caramuru exportou 7,6 mil toneladas desse produto este ano. Não há estimativa para 2007.

A empresa também ampliará os investimentos feitos em suas unidades, de R$ 13 milhões aplicados este ano para R$ 20 milhões o ano que vem. Neste ano, a maior parte dos recursos foram destinados à ampliação da capacidade de captação de grãos em um dos seus terminais no porto de Santos, de 135 mil para 180 mil toneladas, projeto realizado em parceria com a Ferronorte.

No próximo ano, a empresa projeta aplicar R$ 20 milhões na instalação da usina de biodiesel, que será construída em São Simão (GO) e terá capacidade para 100 milhões de litros por ano. A empresa venceu um dos leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP) para fornecer à Petrobras 30 milhões de litros em 2007.