Título: Amorim descarta preço político para gás boliviano
Autor: Folhanews
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2007, Brasil, p. A2

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem, em Brasília, que a discussão sobre o preço do gás boliviano comprado pelo Brasil tem "condicionantes técnicos" e não deve ser tratada do ponto de vista político. A avaliação do ministro foi feita ao ser questionado sobre a decisão tomada por Evo Morales, presidente boliviano, de suspender a visita oficial que faria ao Brasil no dia 14, caso o governo brasileiro não aceite fixar um "preço político" para o gás.

"Da nossa parte, a visita de Morales não está condicionada a nada. O presidente Lula tem sempre demonstrado a maior boa vontade ao tratar desse tema. Agora, é evidente que o tema tem inevitavelmente condicionantes técnicos", disse o ministro brasileiro.

Ao afirmar que espera a confirmação da visita de Morales, Amorim destacou que Brasil e Bolívia têm uma "vastíssima agenda bilateral", que deverá ser tratada no encontro, além de outro tema importante de interesse comum, que é entrada da Bolívia no Mercosul.

"Não adianta querer discutir certas coisas só sob o ponto de vista político", afirmou o ministro. "Ninguém discute que o investimento tem que ter o retorno justo para a Bolívia, nós somos os primeiros a defender isso, mas tem que ser um projeto viável." Segundo Amorim, "se a Bolívia deseja mais investimentos - porque só aumentará as reservas se houver investimentos - isso só vai ocorrer se o projeto no todo for viável".

O ministro brasileiro também informou que o Itamaraty estuda criar um cargo de embaixador especial para tratar especificamente de temas relativos às mudanças climáticas. A idéia foi anunciada três dias após a divulgação do relatório da ONU sobre o aquecimento global, mas depende ainda da disponibilidade de cargos comissionados no ministério.