Título: Produção da indústria confirma PIB modesto
Autor: Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2007, Brasil, p. A4

O resultado da produção industrial confirmou a expectativa de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2,7% e 2,8% no ano passado. Os analistas mantiveram as previsões para 2006, e renovaram as apostas numa aceleração da atividade econômica em 2007.

O economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon, não alterou sua projeção de um crescimento do PIB de 2,7% no ano passado, compatível com a expansão de 2,8% da produção industrial. Para ele, o desempenho um pouco decepcionante da economia em 2006 se deveu à performance mais fraca do que o esperado da indústria, à queda relativamente lenta dos juros reais e à contribuição negativa do setor externo para o PIB.

A economista-chefe do ABN AMRO, Zeina Latif, também não mudou sua previsão para a expansão do PIB no ano passado, mantida em 2,8%. Ela esperava um crescimento de 3% para a produção industrial em 2006, um pouco acima dos 2,8% divulgados pelo IBGE, mas diz que a diferença não é suficiente para fazê-la revisar sua estimativa. Segundo Zeina, a tendência revelada pelos números é compatível com sua avaliação sobre a atividade, ainda que o resultado de curto prazo tenha saído um pouco abaixo do que ela esperava.

O economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, manteve a estimativa final do PIB de 2006 inalterada, em 2,7%, apesar de ter revisto a projeção de alta do investimento de 6,3% para 6,7% em 2006, por conta da expansão dos bens de capital em dezembro.

Salomon saudou o comportamento da indústria de bens de capital em dezembro, que avançou 5,4% em relação a novembro, na série livre de influências sazonais. "Foi uma surpresa positiva, porque deixa espaço para os juros caírem por mais tempo", diz ele. Como outros analistas, Salomon aposta na aceleração do ritmo da atividade em 2007. Os efeitos defasados das quedas dos juros promovidas ao longo de 2006, aliada à expectativa de novos cortes, devem fazer o PIB avançar 3,5% neste ano, diz ele.

Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú, trabalha com uma previsão de 0,7% de crescimento para o primeiro trimestre de 2007 ante o último de 2006. O início do ano, segundo ele, será um pouco fraco, por conta de estoques acumulados no comércio e pelo efeito de retomada lenta da demanda, que vai esquentar no segundo e terceiro trimestre. Ele prevê crescimento de 3,5%.

Estevão Kopschitz, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mantém para 2007 uma projeção de 3,6%. A produção industrial deve avançar 4%, por conta da queda dos juros. O economista admite que a valorização cambial contribui para contrair o nível de atividade, mas tem vantagens, pois permite alta da produtividade com a importação de máquinas. (Do Valor Online)