Título: Colômbia vai trocar Brasil por México no FMI
Autor: Riberio, Alex
Fonte: Valor Econômico, 03/09/2012, Finanças, p. C16

A Colômbia está trocando a cadeira do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI) pelo grupo do México, Espanha e Venezuela, informou ao Valor uma fonte que está a par das negociações.

As autoridades colombianas já anunciaram ao Brasil sua intenção de sair. "Eles já disseram que estão indo para a cadeira mexicana", afirmou uma fonte.

Há dois anos, a Colômbia chegou a ameaçar sair da cadeira brasileira, devido a desentendimentos com o diretor-executivo brasileiro, Paulo Nogueira Batista Júnior.

Esses desentendimentos, porém, já foram superados. O que move a Colômbia agora é a possibilidade de, na cadeira do México, entrar num rodízio para indicar o diretor-executivo.

Hoje, o Brasil tem poder de voto dominante na sua cadeira e, por isso, escolhe sozinho o diretor-executivo. A Colômbia é a segundo maior poder de voto do grupo e por isso, tradicionalmente, aponta o diretor alterno da cadeira, o segundo cargo mais importante na representação. Outros sete países fazem parte da cadeira brasileira.

Já no grupo mexicano a tradição é o diretor-executivo ser apontado por um sistema de rodízio entre México, Espanha e Venezuela, com trocas feitas a cada dois anos.

A Colômbia foi convidada pelo México para compor a cadeira e, pelo que foi negociado, terá o direito de apontar o diretor-executivo. A tendência é que também entre no rodízio para apontar o diretor alterno da cadeira mexicana.

Ainda não está totalmente esclarecido, afirma a forte, por que o México convidou a Colômbia para compor a sua cadeira. Há várias teorias. Uma delas é a proximidade ideológica entre os governos dos dois países.

Outra explicação é que o México receava perder poder de sua cadeira, com a possível saída da Espanha. Dentro do acordo de reforma de quotas no FMI, que dá mais poder aos países emergentes, negocia-se a aglutinação dos países europeus em cadeiras formadas apenas por europeus.

Essa reforma deveria entrar em vigor neste ano, mas certamente será adiada para 2014 porque não foi aprovada pelos parlamentos dos sócios mais importantes do FMI.

Para uma fonte ouvida pelo Valor, ao fechar o acordo com a Colômbia, o México perde a chance de criar um grupo que seja comandada só pelo país. Outros países que compõem o G-20, como a Turquia, estão fazendo pressão para comandar suas próprias cadeiras.

No caso da Colômbia, há ganhos e perdas. Na cadeira brasileira, o país tinha um diretor alterno cativo, o que significa uma voz direta para representar o país nos assuntos de seu interesses.

Com a saída da Colômbia, a cadeira comandada pelo Brasil perde um pouco de seu peso de voto - mas não muito. O poder de voto cairá de 2,8% para 2,5%.

O Brasil, porém, é um dos países que mais ganharam poder de voto na última reforma das quotas do FMI, por isso a cadeira deverá recompor o seu peso. O poder de voto do Brasil subirá de 1,8% para 2,3% quando a reforma negociada em 2010 entrar em vigor.

Ainda não foi decidido qual país indicará o diretor alterno na cadeira brasileira no lugar da Colômbia. Também fazem parte da representação brasileira a República Dominicana, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, Suriname e Trindade e Tobago. O FMI tem 24 membros na sua diretoria-executiva, colegiado que é responsável por tomar as decisões mais importantes no dia a dia do organismo.