Título: TSE mantém direito de o PSDB usar pergunta incômoda
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2006, Política, p. A10

A campanha de Lula perdeu, ontem, ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não conseguiu retirar a pergunta "De onde veio o dinheiro?", veiculada na campanha do candidato tucano Geraldo Alckmin, que poderá continuar a usá-la.

A pergunta tem sido utilizada constantemente pela campanha do PSDB, tanto no horário eleitoral gratuito, quanto em entrevistas de tucanos à imprensa. No primeiro debate entre Lula e Alckmin, dia 8, a origem do dinheiro que seria utilizado por petistas na compra de um dossiê contra o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, foi a primeira questão levantada pelo tucano. Em propaganda veiculada no último dia 13, a campanha de Alckmin afirmou: "até hoje o seu governo (de Lula) não disse de onde veio o dinheiro".

O PT pediu direito de resposta contra Alckmin alegando que a pergunta tem o objetivo de desmoralizar o presidente e de provocar desinformação nos eleitores. Segundo o partido do presidente Lula, não cabe ao governo federal revelar a origem do dinheiro, mas à Polícia Federal, que é o órgão responsável pelas investigações do dossiê. O programa provoca nos eleitores "uma visão distorcida da realidade", reclamaram os advogados de Lula ao TSE.

Mas, para o ministro Ari Pargendler, do TSE, a pergunta sobre o dinheiro não tem nada de ofensiva. Ela não contém, segundo o ministro, "ainda que de forma indireta, afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica". Ele negou o direito de resposta pedido pelo PT. Agora, o caso deve ser examinado pelo plenário do tribunal, composto por sete ministros.

O TSE já negou pedido do PT para proibir a veiculação de imagens com o dinheiro apreendido pela Polícia Federal na operação que resultou na prisão de petistas que iriam comprar o dossiê.