Título: Mercadante deve ser eleito presidente da CAE
Autor: Romero, Cristiano
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2007, Política, p. A8

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), ex-líder do governo Luiz Inácio Lula da Silva no Senado, deve ser eleito hoje presidente da comissão permanente considerada mais poderosa do Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). A indicação de Mercadante foi possível porque o PMDB - partido que teria direito de presidir a CAE por ser a maior bancada - abriu mão.

Se o acordo partidário for cumprido hoje pelos integrantes da CAE, Mercadante volta fortalecido ao cenário político, depois do envolvimento de seu então assessor Hamilton Lacerda no episódio da tentativa de compra de um dossiê contra tucanos, por pessoas ligadas ao PT, durante a campanha eleitoral.

Economista, Mercadante é defensor de queda mais acelerada na taxa de juros e de severo ajuste fiscal para aumentar o investimento público, que considera indispensável para aumentar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Candidato derrotado ao governo de São Paulo, ele não reassumiu a função de líder do governo ao retornar ao Senado.

À CAE compete dar parecer sobre questões econômicas e financeiras, como política de crédito e de câmbio, sistema monetário, tributos, endividamento público da União, Estados e municípios. Compete ainda aprovação da diretoria do Banco Central.

Na partilha das comissões entre os partidos, definida em reunião dos líderes com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o PFL manteve o controle da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), considerada a segunda mais importante. Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) continuará na presidência, cargo que ocupa há dois anos.

O líder do PFL, José Agripino (RN), disputou a presidência do Senado com Renan e foi derrotado, mas o partido se mantém forte na Casa. Heráclito Fortes (PFL-PI) vai presidir a Comissão de Relações Exteriores (CRE), terceira mais disputada. O comando da CRE - que aprova as indicações de embaixadores - caberia ao PSDB, que abriu mão para o PFL. O PSDB teve de escolher a Comissão de Assuntos de Infra-Estrutura para acomodar o senador Marconi Perillo (PSDB-GO), para atender ao ex-governador goiano.

O PSDB acabou abrindo mão de outros espaços aos quais teria direito: a primeira vice-presidência do Senado - que continuará ocupada por Tião Viana (PT-AC) - e a quarta-secretaria, cedida ao PR. As decisões do líder Arthur Virgílio (AM) foram criticadas. "O PSDB abriu mão de tudo. Foi mal negociado", disse senador Álvaro Dias (PR).

Ao PSDB, coube a presidência da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, a ser ocupada por Lúcia Vânia (GO). O PDT, cuja bancada apoiou Renan em troca da presidência da Comissão de Educação, escolheu para presidente o ex-ministro Cristovam Buarque (DF). A senadora Patrícia Saboya (PSB-CE) foi indicada para o comando da Comissão de Assuntos Sociais.

O PMDB vai presidir a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle. Também ficou com a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária. Os nomes não haviam sido indicados. A Câmara dos Deputados só deve escolher os presidentes de suas comissões na próxima semana. (RU)