Título: Nasdaq se reestrutura após bolha da internet
Autor: Bautzer, Tatiana
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2006, Finanças, p. C1

Cinco anos depois, a Nasdaq deixou para trás definitivamente o estouro da bolha da internet. A bolsa foi muito atingida pela quebra de empresas do setor e por fraudes corporativas, especialmente da WorldCom.

Nesse período, a Nasdaq comprou cinco empresas americanas de negociação de ações e serviços corporativos, e fez uma reestruturação, eliminando falhas tecnológicas. A plataforma de negociação acaba de ser integrada à de duas novas aquisições. A bolsa agora oferece às empresas listadas assessoria de relações com investidores e a contratação de seguros obrigatórios que cobrem a responsabilidade dos executivos nos Estados Unidos.

"Hoje estamos confortáveis com o nosso índice Composite, que tem subido de maneira lenta e mais estável", diz a vice-presidente executiva da bolsa, Adena Friedman. Em 2000, o índice da Nasdaq caiu quase 40%; no ano seguinte, 21%. A recuperação começou em 2003, quando as ações subiram 50%. Este ano, o Composite acumula alta de apenas 7,2%.

No ano passado, a Nasdaq abriu o capital e a valorização de suas ações permitiu fazer uma oferta de compra pela Bolsa de Londres (LSE) em março deste ano, que foi rechaçada. Ao contrário dos problemas com reguladores que vêm travando a fusão entre a NYSE e a Euronext, no caso da LSE a rejeição veio dos acionistas. Ao invés de tentar elevar o preço da oferta, a Nasdaq contentou-se em comprar uma participação estratégica de 25%. "Acreditamos que a LSE é uma excelente empresa e nossa participação nos dá alguns direitos interessantes", diz Friedman.

Hoje a Nasdaq não é mais tão concentrada em tecnologia. Além das empresas de software e semicondutores, tornou-se a bolsa por excelência das nascentes empresas de energia limpa, como produtoras de álcool combustível baseadas nos EUA.

Embora a Nasdaq tenha presença internacional relevante- 330 empresas, ou 10% do total, são estrangeiras-, a participação da América Latina é pequena, com apenas seis empresas. A única brasileira é a operadora de TV a cabo Net. Há outras duas mexicanas e três argentinas.

Na competição pelas empresas com a NYSE, a Nasdaq argumenta que seus sistemas eletrônicos são muito mais rápidos na execução de ordens. "Eles levam segundos ou na melhor das hipóteses, décimos de segundo para executar uma ordem. Nós garantimos a execução em milésimos de segundo", diz Friedman. A executiva está participando da reunião mundial das bolsas de valores, num hotel em São Paulo, na qual o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez uma palestra. A Bovespa não sediava um encontro mundial desde a década de 70. Em sua primeira viagem ao Brasil, Friedman estava animada com o clima ("ótimo para jogar tênis") e lamentando não ter tempo de conhecer o Rio.

Ontem, a Federação Mundial de Bolsas elegeu como novo presidente para os anos de 2007/08 Massimo Capuano, da bolsa italiana. Capuano substituirá Taizo Nishimuro, da bolsa de Tóquio. O vice será William Brodsky, da bolsa de opções de Chicago, o primeiro executivo da área de derivativos a ocupar o cargo.