Título: Russomanno critica terceirização de serviços públicos em São Paulo
Autor: Lima , Vandson
Fonte: Valor Econômico, 11/09/2012, Política, p. A11

Líder nas pesquisas de intenção de voto à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (PRB) fez ontem diversas críticas à contratação de empresas privadas para a execução de serviços públicos. "Vocês sabem muito bem que, quando se terceiriza, alguma coisa está errada", falou a uma plateia composta por funcionários sindicalizados da Polícia Federal de São Paulo.

Horas antes o candidato já havia prometido, em evento no qual recebeu apoio do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas do Estado (SindimotoSP), acabar com a terceirização na instalação e operação de radares de trânsito da cidade. "Eu gostaria muito de saber quem é que está ganhando dinheiro por trás disso. A prefeitura [caso eleito] vai trazer para si os radares", afirmou.

Russomanno acusou a atual gestão municipal de diminuir o limite de velocidade nas principais vias da cidade para aumentar o número de motoristas autuados - e consequentemente, elevar a arrecadação com o que classificou como "indústria da multa". Da mesma forma, observou que "a atual gestão gastou R$ 605 milhões só com papel, com projetos para obras em São Paulo. Projetos esses que deviam ter sido encomendados ao corpo de engenheiros da prefeitura, que tem um quadro maravilhoso que nunca foi utilizado. Por que pagam mais a um terceirizado do que ao funcionário público?", questionou.

Russomanno disse não ver, no entanto, terceirização em seu projeto de integrar os guardas noturnos dos bairros à segurança municipal, oferecendo a estes meios de comunicação direta com a polícia. "Nas décadas de 1970 e 1980 isso já acontecia. Hoje quando um guarda noturno liga para a polícia, querem saber todas as identificações dele e muitas vezes nem atendem a ocorrência", avalia. "Agora se ele estiver cadastrado pelo poder público, vai poder ajudar. Esses guardas noturnos vão continuar sendo pagos pelos seus moradores. Vão ter comunicação direta para informar qualquer tipo de ocorrência irregular".

Russomanno aproveitou para responder ao prefeito Gilberto Kassab (PSD), que havia classificado sua proposta como a criação de uma "milícia" na cidade. "Milícias são as empresas particulares fazendo segurança pública nas ruas, em carros de empresas, nos bairros mais nobres. Isso é inconstitucional, fere a lei".

O tema levou o candidato a fazer críticas inclusive ao uso de empresas privadas na fiscalização em aeroportos e das fronteiras brasileiras, assuntos que não competem à administração municipal.

No evento com motociclistas, Russomanno prometeu aumentar o número de faixas exclusivas para motos. "Por ser um veículo de baixo custo e consumir pouco combustível, as pessoas que não querem andar de transporte coletivo e querem rapidez estão optando pela motocicleta", observou. O candidato, no entanto, não apresentou proposta específica para resolver a questão. "Quem vai estudar [como fazer] isso é a CET [Companhia de Engenharia de Tráfego]. E estamos cercados de bons técnicos no nosso programa de governo, verificando as possibilidades de a gente fazer, inclusive nas marginais".

Diante da insistência dos repórteres, que o questionaram sobre a proibição da circulação de motos na Avenida 23 de maio, uma das mais movimentadas vias de São Paulo, Russomanno respondeu: "Não vou discutir agora questões técnicas, a não ser depois de conversar com os engenheiros que estão com a gente e estão fazendo estudos para atender a necessidade das motocicletas".

Ao conversar com os policiais federais, Russomanno detalhou seu plano de estender à polícia civil a Operação Delegada, "bico oficial" no qual policiais militares trabalham para as prefeituras nas horas vagas. "Eles vão poder trabalhar nos dias em que estariam de folga, recebendo para tocar os inquéritos policiais, para que os boletins de ocorrência sejam apressados".

Falou ainda que, se eleito, irá aumentar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de 6 mil para 20 mil homens, mesma promessa apresentada em sua propaganda televisiva de ontem. "Você me conhece pela minha atuação em sua defesa. Sabe que eu já fui assaltado. Eu sei o que é não ter segurança", disse. "Vamos ajudar o governo do Estado a fazer a segurança", prometeu, lembrando ser esta uma atribuição do governo estadual.