Título: Bush apresenta 'Orçamento de guerra'
Autor: Agências internacionais
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2007, Internacional, p. A11

O presidente dos EUA, George W. Bush, apresentou ontem seu projeto de Orçamento para o ano fiscal de 2008, que se inicia em outubro, com uma previsão de gastos de US$ 2,9 trilhões. Os recursos para a Defesa saltam de US$ 600,3 bilhões neste ano para US$ 624,6 bilhões, nos quais estão incluídos US$ 141,7 bilhões para a guerra no Iraque e para as operações militares no Afeganistão. É a primeira vez que a estimativa desses custos são detalhados no Orçamento.

O jornal americano "Wall Street Journal" comparou os custos do Iraque com os do Vietnã e aponta que, em seu auge, o conflito no Sudeste Asiático consumiu US$ 660 bilhões (ao dólar de hoje) contra os cerca de US$ 100 bilhões anuais gastos no Iraque.

Ainda segundo o jornal, os gastos totais da Defesa no "Orçamentos de guerra" representam cerca de 4% do PIB americano hoje. O percentual é maior do que quando Bush foi eleito, mas é muito menos do que o da fase mais quente do Vietnã, em 1968, quando chegou a 9,5%. A diferença se explica em parte pelo contingente no front: a tropa americana no Iraque pode chegar a 160 mil homens; no Vietnã, chegou a 550 mil soldados.

A comparação não empolga os democratas, que seguem criticando a estratégia do governo para o Iraque. "O Orçamento do presidente está recheado de dívidas e de enganação. Está desconectado com a realidade e continua a conduzir os EUA na direção errada", disse o presidente da comissão do Orçamento do Senado, o democrata Kent Conrad. O presidente da comissão do Orçamento da Câmara, o também democrata John Spratt, acrescentou: "Duvido que os democratas apóiem esse projeto e, francamente, ficarei surpreso se os republicanos o apoiarem".

O Orçamento também prevê que os cortes de impostos adotados por Bush em seu primeiro mandato tornariam-se permanentes, a um custo de US$ 1,6 trilhão pelos próximos dez anos.

O presidente americano quer ainda economizar US$ 78 bilhões dos programas de assistência à saúde em cinco anos, em parte com o aumento das contribuições para os usuários de maior renda.

O projeto orçamentário aponta para uma redução moderada do déficit fiscal nos próximos anos: de 1,9% em 2006 para 1,6% em 2008 - último ano do mandato. A previsão é que a queda se acentue a partir desse ano, até chegar a um superávit de 0,3% em 2012. A redução guarda relação com os gastos com a guerra no Iraque, que o governo acredita que serão diminuídos gradualmente. A partir de 2010 não há previsão de gastos para cobrir custos de guerra no Iraque.

Ontem, Bush voltou a defender a decisão do governo em relação ao Iraque e à economia. "Eu acredito firmemente que o Congresso precisa dar ouvidos a um projeto que diz não à elevação de impostos e a um projeto que, por meio da disciplina fiscal, pode se equilibrar em cinco anos", disse.

O porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, admitiu que provavelmente os números incluídos no projeto orçamentário serão alterados antes da aprovação.