Título: Famílias vão "economizar" R$ 7, 6 bilhões
Autor: Borges, André ; Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2012, Brasil, p. A3

A redução média de 16,2% na conta de energia elétrica dos consumidores residenciais a partir de 2013 permitirá aos brasileiros economizar cerca de R$ 7,6 bilhões por ano, segundo cálculos da Andrade & Canellas, consultoria especializada no setor energético. De acordo com João Carlos Mello, presidente da consultoria, a medida, anunciada pela presidente Dilma Rousseff na semana passada e detalhada ontem, baixará o custo do megawatt-hora (MWh) para o consumidor residencial em aproximadamente R$ 74. Em 2011, a tarifa média paga pelos brasileiros foi de R$ 455,20 por MWh, incluindo impostos, de acordo com a consultoria.

A conta de luz é composta por quatro tipos de custos: geração, transmissão, distribuição e encargos e tributos. Juntos, os custos de geração, transmissão e distribuição respondem por 55% da conta de energia elétrica, segundo Andrew Frank Storfer, sócio da Interacta Participações. Os outros 45% são encargos e tributos. "É isso que pesa na conta de luz", afirma Storfer. Dos R$ 7,6 bilhões ao ano que o consumidor economizará com a conta de luz, R$ 2,4 bilhões serão tributos, aponta o estudo da Andrade & Canellas.

Com a conta de energia elétrica 16,2%, em média, mais baixa, os consumidores terão uma pequena folga no orçamento, o que, segundo o consultor financeiro Mauro Calil, deverá reforçar o consumo no próximo ano. Como o valor é pequeno - em uma conta de R$ 100, a economia seria de R$ 16 -, Calil acredita que o principal destino desse dinheiro será pequenos gastos do dia a dia, como a compra de uma peça de roupa ou lazer.

"A maior parte dos brasileiros vai perceber uma redução na conta de luz e só. O destino desse dinheiro não será planejado", afirma o consultor, acrescentando que deverá haver casos em que os recursos servirão para cobrir o cheque especial ou para complementar a prestação de um bem de consumo.

Calil, contudo, alerta para o prazo de validade da medida. "Ela será eficiente até que a inflação corroa o poder de compra do consumidor." Com a inflação rodando a 5,5% ao ano, como preveem os economistas para 2013, em três anos o ganho da conta de luz deixará de existir, diz o consultor.