Título: Os ministérios do batom
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 13/11/2010, Política, p. 6

Reformulação que a presidente eleita, Dilma Rousseff, pretende fazer na Esplanada deve aumentar a participação feminina no alto escalão do poder, incluindo algumas secretarias estratégicas do governo federal

A intenção da presidente eleita, Dilma Rousseff, de aumentar o bloco feminino no governo federal, animou setores do PT a emplacar a senadora eleita por São Paulo Marta Suplicy na Esplanada dos Ministérios. E abriu espaço para a diretora da Petrobras Maria das Graças Foster ocupar um cargo no núcleo duro do próximo governo. Outros partidos também se mexem para emplacar suas mulheres no primeiro escalão a partir de janeiro.

Petistas do antigo campo majoritário - que elegeu 50 dos 88 deputados do PT este ano - defendem a saída do correligionário Fernando Haddad da Educação devido aos seguidos erros no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Marta, no entanto, não está sozinha no páreo pela pasta. Ela briga a indicação com o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que, derrotado na disputa pelo governo de São Paulo, ficará sem mandato no ano que vem. Lula não quer que Haddad saia queimado do governo porque vê no ministro um nome para renovar o PT paulista, que vive um marasmo por seguidas derrotas para o PSDB.

Aloizio Mercadante é lembrado também para ocupar o Ministério do Planejamento, caso Paulo Bernardo vá para a Casa Civil. Mas a hipótese mais provável é que Bernardo permaneça onde está e a pasta que já foi de Dilma seja ocupada por Maria das Graças Foster. Nome de confiança da presidente eleita desde o serviço público no Rio Grande do Sul, a diretora da Petrobras vinha sendo lembrada para presidir a estatal, mas a ascensão pode tomar outro rumo diante da necessidade de reformulação da Casa Civil.

Na gestão de Dilma, essa pasta não terá o mesmo formato do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Incluída em um amplo pacote de renovação das delegações do Palácio do Planalto, a Casa Civil deverá ser enxuta, enquanto a Secretaria-Geral ganhará importância, acumulando responsabilidades que hoje estão na Secretaria de Relações Institucionais. Não só, Dilma pretende pôr em prática uma ideia surgida na campanha eleitoral: engordar seu gabinete com assessores especiais para assuntos econômicos e de segurança pública.

O deputado Antonio Palocci (PT-SP) deverá ser o indicado para essa nova Secretaria-Geral, que, além da interlocução com movimentos sociais, deverá liderar também a negociação política com o Congresso. Palocci é mencionado também como opção para a Casa Civil, mas é menos provável que isso ocorra com as novas atribuições da pasta. Tornou-se ainda bastante difícil a ida do deputado para a Saúde. Ele já disse que não quer comandar a pasta da área social, que, dependendo do desenho na Educação, no Planejamento e da força do PT na briga com o PMDB, pode cair no colo de Mercadante.

Nos relatórios elaborados pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra - resultados das consultas com os partidos que apoiaram Dilma na eleição -, constam a indicação da senadora recém-eleita Lídice da Mata (PSB-BA) para o Ministério do Turismo. Outra mulher lembrada para ir ao primeiro escalão é Miriam Belchior, responsável na Casa Civil pelo Programa de Aceleração do Crescimento (veja quadro). Por ter formulado o Bolsa Família durante a transição em 2002, é cotada para ocupar o Desenvolvimento Social.

A deputada Manuela D"Ávila (PCdoB-RS) foi indicada pelos comunistas para a Secretaria de Juventude. Colega de Câmara dos Deputados, Maria do Rosário (PT-RS) é citada para a Secretaria de Direitos Humanos.

Desidratadas A perda de atribuições das secretarias vinculadas à Presidência da República não deverá estar limitada às Relações Institucionais. Durante a campanha, assessores de Dilma Rousseff diziam não haver intenção de um futuro governo ter a área de Comunicação Social forte como é hoje com Franklin Martins. A presidente eleita terá as atribuições divididas entre um nome responsável pela assessoria de imprensa, pela publicidade de governo e um porta-voz mais atuante.