Título: Lula participa de ato de campanha
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2012, Política, p. A12

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem ter criado uma "nova turma de gestores para o país" ao levar para a política partidária a atual presidente Dilma Rousseff e o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. Lula participou de uma plenária com sindicalistas em São Paulo, seu primeiro ato de campanha com Haddad desde o lançamento da candidatura, em junho.

"O aprendizado que Fernando teve junto conosco, não só aprendendo, mas também para nos ensinar, permitiu que nós criássemos uma nova geração de gestores para o país", afirmou o ex-presidente. Logo depois, atacou um termo caro aos governos tucanos, o chamado "choque de gestão". "Os tucanos que gostam dessa palavra, é chique. Eu nem sabia o que significava. Aí fiquei sabendo que gestor é quem sabe administrar. E descobri que choque de gestão é cortar salário, é mandar gente embora do emprego. Nós aprendemos outra coisa, a sermos competentes do ponto de vista administrativo e competentes do ponto de vista de tratar o ser humano".

Lula disse que suas indicações tanto de Dilma quanto de Haddad à Presidência e à Prefeitura de São Paulo, respectivamente, sofreram resistência dentro do PT e em partidos aliados. "Mesmo gente do PT, do PSB, do PCdoB, meus companheiros do movimento sindical perguntavam: "Você está louco? Qual é a experiência política da Dilma? Ela já foi vereadora? Deputada? Ela é fundadora do PT? Ela já falou em palanque? Você não pode fazer isso, é uma loucura"". E garantiu ter feito boa escolha com a presidente. "Depois de oito anos trabalhando junto, eu descobri a competência, a inteligência, a dedicação, a fidelidade e a honestidade de uma pessoa que vai fazer mais e melhor do que eu fiz", garantiu.

Sobre Haddad, relatou: "Foi com essa convicção que fiquei pensando em como convencer o partido a aceitar o Haddad como candidato. Não pensem que foi uma tarefa fácil. Uma coisa que muita gente dizia para mim era "Lula, o Haddad nem cumprimenta a gente". E eu dizia que ele era tímido e a Dilma também era assim". Lula confirmou ter se empenhado pessoalmente em convencer outros pré-candidatos a abandonarem a disputa. "Vocês sabem que o PT tem quadro extraordinário. Eu dizia: "Não. Vamos começar lá de baixo e construir alguém durante a campanha (...) Os companheiros foram percebendo que, possivelmente, a minha tese daria certo".

Ele atribuiu a Haddad a criação do ProUni, programa de distribuição de bolsas em faculdades particulares, depois de pedir ao então ministro da Educação que "inventasse um jeito da dar a oportunidade a um moleque da periferia, negro ou branco, pobre de preferência, a entrar em uma universidade e ser engenheiro, ser médico, ser jornalista". "E ele me veio com a proposta do Pro Uni. Achei genial. Ele trocou uma vaga para o pobre estudar por um imposto que as universidades já não pagavam ao governo".

Antes de Haddad, o presidente municipal do PT, vereador Antônio Donato, disse que o partido havia obtido acesso a três pesquisas de intenção de voto e todas apontavam Haddad na 2ª colocação, à frente do tucano José Serra na corrida eleitoral paulistana. "A população de São Paulo vai dar um enterro de indigente para ele (Serra)", provocou.

Finalizando o evento, Haddad afirmou que "o maior pecado" cometido por Serra foi deixar a prefeitura nas mãos do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD). "Não é só ele ter abandonado a prefeitura que é grave. É ter abandonado pro Kassab, que não tem a menor vocação para administrar o que quer que seja".