Título: Petróleo e matérias-primas sustentam ganhos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2006, Empresas, p. B3

A Vale do Rio Doce quase dobrou o envelope de remuneração global para seus diretores e a Petrobras aumentou o seu em 50% em 2005, num cenário de alta dos preços de matérias-primas.

Já as informações fornecidas por AmBev, Aracruz Celulose, CSN, TIM e Vivo às autoridades americanas indicam pagamento menor a seus diretores no ano passado.

A Vale ampliou o pagamento para seus executivos chefiados por Roger Agnelli para US$ 14,5 milhões, 88% acima dos US$ 7,7 milhões do ano anterior. Em comparação, a Rio Tinto, da Grã-Bretanha, pagou US$ 34,7 milhões a seus principais dirigentes.

Do montante pago, os membros do conselho de administração da Vale, presidido por Sérgio Rosa, da Previ, receberam R$ 1 milhão juntos. O conselho fiscal ganhou R$ 278 mil. Um comitê consultivo, formado na maioria pelos mesmos dirigentes, recebeu R$ 228 mil.

A Vale informou que pode estabelecer um plano de opção de ações, mas não fez isso. Também tem um plano de distribuição de lucro, baseado no desempenho dos funcionários, porém não forneceu cifras.

Na Petrobras, o montante global para a diretoria executiva e para o conselho de administração passou de US$ 2 milhões a US$ 3 milhões em um ano - comparado a US$ 8,1 milhões pagos pela espanhola Repsol a 19 dirigentes no mesmo período - alta de 32,7%.

A diretoria executiva de sete membros, presidida por José Gabrielli, e o conselho de administração com nove, incluindo os ministros Guido Mantega e Dilma Roussef, podem se beneficiar de outras vantagens pagas nas áreas de saúde, educação etc.

Na Embraer, maior exportadora brasileira e quarto construtor de jatos no mundo, os membros do conselho de administração, do conselho fiscal e diretores executivos receberam um pacote global de US$ 8,8 milhões, comparado a US$ 7 milhões no ano anterior.

Em junho deste ano, os membros do conselho de administração e os executivos possuíam 2.678.396 ações ordinárias.

No setor siderúrgico, o grupo Gerdau engordou o pacote de remuneração com US$ 6,8 milhões a mais para seus diretores, quase o montante que a Embraer diz pagar a seus dirigentes.

A Gerdau contribuiu com R$ 64,4 milhões para o fundo de pensão dos dirigentes pelo "Plano Brasil". Tem também um programa de incentivo de longo prazo. A opção por ações preferenciais representa 20% do salário de base anual de cada executivo. Ao final de 2005, o estoque de opções distribuídas alcançava 2.471.885, das quais foram exercidas o direito sobre 865,5 mil.

Por sua vez, a CSN pagou quase a metade da soma desembolsada no ano anterior. TIM e Vivo também desembolsaram menos, mas pode ocorrer de o próprio universo de beneficiados ter diminuído.

A AmBev, pagou 38,4% menos em relação a 2004. Foram R$ 23,2 milhões para seus diretores, incluindo bônus, comparado aos R$ 37,7 milhões de 2004, que por sua vez tinham explodido em relação aos R$ 5,9 milhões do ano anterior. Supõe-se que haja diferença no número de pessoas beneficiadas a cada ano. A empresa tem também um plano "Stock Ownership" para atrair e manter diretores e funcionários.

No setor petroquímico, a Braskem pagou menos do que o teto fixado pelos acionistas. O pacote era de R$ 16,8 milhões, mas foi desembolsado R$ 12,8 milhões. Para este ano, o volume máximo fixado é de R$ 16,8 milhões para a diretoria executiva e R$ 1,4 milhão para o conselho de administração. Cada membro do conselho fiscal recebe R$ 4,4 mil por mês.

Já a Sadia, número um do mercado brasileiro de alimentos, aumentou ligeiramente o pagamento aos diretores. Também pagou R$ 24,8 milhões de bônus para mais de 26 mil empregados, ou R$ 923 por empregado.

Companhias como Perdigão e Votorantim Celulose aparecem com volume total de remuneração relativamente pequeno aos executivos, comparado aos bancos. Só que o montante de R$ 5,5 milhões pago pelo produtor de frango foi para apenas 13 diretores em 2004. Os R$ 4,5 milhões da Votorantim foram para sete executivos no ano passado.

A Gol chegou há pouco no mercado, mas é generosa com seus dirigentes chefiados pelos Constantino de Oliveira, pai e filho. Para os principais executivos, a empresa emitiu opções de ação de até 937.412 ações preferenciais ao preço de R$ 3,04 por unidade. Durante 2005, os executivos exerceram seu direito por um montante de 703.579 ações. (AM)