Título: Bovespa aguarda pacote de energia
Autor: Takar , Téo
Fonte: Valor Econômico, 11/09/2012, Finanças, p. C2

O mercado saberá hoje se toda a preocupação com as ações de energia nas duas últimas semanas realmente é justificada. A presidente Dilma Rousseff anunciará, às 11 horas, a segunda parte do pacote do setor, com regras para renovação das concessões de usinas que vencerão a partir de 2015 e o detalhamento da retirada de encargos sobre as contas de luz. Na quinta passada, Dilma já havia divulgado um corte de 16% no custo da energia para os clientes residenciais e de 28% para as indústrias.

Ontem as elétricas voltaram a cair forte na bolsa e impediram um avanço maior do Ibovespa, que terminou em leve alta de 0,14%, aos 58.404 pontos. Cesp PNB (-5,94%) liderou as perdas do dia, seguida por Transmissão Paulista PN (-4,09%), Cemig PN (-2,44%) e por Copel PNB (-2,14%). No caso da Cesp, dois terços de sua capacidade de geração são provenientes de concessões que vencerão nos próximos dois anos. Nas duas últimas semanas, suas ações caíram 24%.

"De forma geral, todas as ações do setor elétrico deixarão de ser atraentes para investir no curto prazo, dependendo dos preços de venda de energia que o governo determinar", observou o gestor de fundos de uma instituição brasileira. No entanto, o mesmo gestor acredita que os preços dos papéis já embutem o pior cenário e podem sofrer uma correção para cima no pregão de hoje.

Não fosse o pessimismo com as elétricas, a segunda-feira teria sido brilhante para a Bovespa. As ações da Vale e da CSN subiram forte, corrigindo o atraso provocado pelo feriado de 7 de setembro, quando o minério de ferro e outras commodities marcaram altas expressivas no mercado internacional em função do pacote anunciado pela China, de mais US$ 150 bilhões de investimentos em infraestrutura.

O volume financeiro da bolsa foi expressivo, alcançando R$ 8,035 bilhões, sendo que apenas Vale PNA respondeu por mais de R$ 1,6 bilhão, cerca de 20% do total. O papel ganhou 2,96%, para R$ 35,10. A ação ON da mineradora avançou 3,67%, para R$ 35,79, com giro de R$ 463 milhões. CSN ON (6,08%, a R$ 11,16) liderou as altas do índice, seguida por Gol PN (5,54%, a R$ 9,90).

O papel da companhia aérea reagiu à notícia da coluna Radar, da revista "Veja", de que a Qatar Airways estaria interessada em adquirir uma participação acionária na empresa brasileira. A Gol negou a informação. A Citi Corretora disse que o negócio faz sentido e elevou o preço-alvo das ações de R$ 9,50 para R$ 20,20.

"O governo está buscando melhora na qualidade dos serviços antes de eventos importantes como a Copa do Mundo. Esse motivo torna a estabilidade das operações da Gol um tema de interesse nacional. Com isto, acreditamos que mesmo que a empresa não seja vendida, algum tipo de apoio pode ser oferecido nos próximos meses", afirmaram os analistas Stephen Trent, Juliano Navarro e Raian Santos.

ALL ON (-4,27%) figurou novamente na ponta negativa da bolsa. A concessionária de ferrovias sofreu com a decisão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de realizar a primeira revisão tarifária em 15 anos. A agência reduziu as tarifas da ALL Malha Sul, ALL Malha Paulista e ALL Malha Oeste em 15%, 29% e 47%, respectivamente.

E HRT ON (-12,50%) voltou a desabar, desta vez por causa de um poço de petróleo seco na África. O poço Kabeljou, na Bacia de Orange, na Namíbia, no qual a empresa brasileira possui participação junto com a britânica Chariot Oil & Gas, foi declarado inviável comercialmente pela Petrobras, operadora do bloco. Entre as ações mais negociadas, Petrobras PN subiu 1,09%, a R$ 21,23; OGX ON perdeu 1,73%, para R$ 6,22; e Itaú Unibanco PN registrou alta de 0,58%, a R$ 32,59.