Título: Outros países da UE temem queda de exportações
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2007, Agronegócios, p. B12

Produtores de frango e peru na Europa temem novas perdas de exportação para o Brasil e os Estados Unidos em terceiros mercados, com a continuação de focos de gripe aviária no velho continente.

Em 2006, mais de 40 países baniram as compras da Europa após o vírus H5N1 ser detectado numa produção de peru na França. Só nesse país, a queda nos embarques foi de 30%, diz André Lepeuler, diretor da Associação Francesa de Avicultura. "A situação é preocupante, mas muito vai depender da cobertura da imprensa aos novos focos no Reino Unido", diz ele.

Para a União Européia (UE), as perspectivas de mercado para carne de frango continuarão afetadas pelo desenvolvimento da gripe. As exportações européias do produto caíram 6,8% em 2006, em seguida a queda de 6,3% em 2005, tanto por causa da gripe aviária como pela concorrência de Brasil e EUA em todos os mercados, e sobretudo no Oriente Médio e na África.

A UE estima que as exportações continuarão a cair e o bloco se tornará importador líquido do produto por volta de 2013. A estimativa é de que naquele ano importará mais de 780 mil toneladas, um pouco acima do que exportará.

Vários países-membros registraram forte queda no consumo e acumulação de estoques, seguido de baixa de preço, no ano passado, no rastro da gripe aviária. A produção da indústria de alimentos para animais caiu 10%. No segundo semestre, o mercado de frango voltou ao normal, com preços acima dos níveis de 2005, enquanto o preço do peru recuou cerca de 4%.

A carne de frango é hoje mais preferida do que a carne bovina na Europa. O consumo de carne em geral no velho continente é projetado para crescer dos atuais 85,3 quilos por pessoa em 2005 para 86,8 em 2013. A carne de porco é a preferida por 50% dos consumidores, seguida por frango (28%).

Estimativas de organizações internacionais citadas pela UE apontam alta entre 22% a 24% até 2013 no mercado internacional de frango. Mas Bruxelas ressalva que muito depende tanto da gripe como da demanda de importações da China e Japão, já que as compras da Rússia estão limitadas por cotas (limita a quantidade importada). Para a UE, o Brasil continuará elevando sua presença no mercado internacional. Os EUA também devem expandir suas exportações até 2013, entre 13% a 26%, variando conforme a fonte da estimativa.

Michael Mann, porta-voz agrícola da UE, diz que Bruxelas cobre em 50% os programas de apoio aos produtores afetados pela gripe, inclusive para recuperar a confiança do consumidor. Ele acha que, dentro da UE, o Brasil não terá como elevar vendas por causa da cota acordada entre Brasília e Bruxelas. Os brasileiros podem vender este ano 336 mil toneladas de carnes de frango e peru industrializado para a UE com tarifa mais baixa.