Título: Confiante no negócio, Vale deve manter a marca Inco
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2006, Empresas, p. B6

Apesar de ter prorrogado em mais uma semana o prazo final de adesão dos acionistas da Inco à sua oferta de compra, a direção da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) está confiante no sucesso do negócio. A mineradora brasileira prorrogou o prazo porque ainda falta a aprovação do governo canadense. Roger Agnelli, presidente da Vale, disse ontem em entrevista a jornalistas, na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), que o processo de aquisição da mineradora canadense "tem ido maravilhosamente bem, sem nenhum tipo de obstáculos e dificuldades".

O executivo adiantou que, se comprar a Inco, não pretende mudar o nome da companhia, pois a considera uma marca de extremo valor. Em relação a uma data para finalizar o negócio, o executivo disse que quanto antes melhor. "Fizemos uma proposta forte para os acionistas. Espero que nos próximos dias, ou semanas, possamos concluir a transação."

Agnelli negou qualquer interferência da direção da empresa no negócio, como indagou um jornalista. "As conversas com o presidente do conselho da Inco e com o principal executivo da companhia, Scott Hant, têm sido absolutamente naturais, protocolares. Ele (Hant) tem regras e normas a seguir e nós também. Em nenhum momento ele demonstrou a não vontade de cooperar. Mas, sempre teve muita abertura e transparência. Diria que o processo Inco está seguindo com muita naturalidade, sem nenhum desvio do objetivo principal que é fazer a aquisição de maneira tranqüila para que possamos aproveitar tudo aquilo que a companhia tem de bom, que são as pessoas que lá trabalham, a tecnologia que ela detém. Queremos transformar este novo grupo (CVRD e Inco) num grupo de excelência", afirmou.

Durante a conversa com os jornalistas, Agnelli destacou a posição da Vale em questões que, neste momento, estão sendo examinadas com lupa pelo governo canadense para aprovar. Acompanhado de boa parte da diretoria executiva da companhia, como Fábio Barbosa e Murilo Ferreira, ambos envolvidos na transação, Agnelli falou sobre a questão do emprego dos trabalhadores da Inco e a questão ambiental.

Ao ser indagado sobre a possibilidade de fazer "cortes" de pessoal se comprar a Inco, o presidente da Vale foi contundente. "Não temos a intenção de fazer isso, em função das perspectivas de crescimento que tem a Inco e a Vale".

Em relação ao meio ambiente, Agnelli destacou, ao ser indagado sobre a aprovação da licença ambiental para o projeto de níquel de Vermelho, no Pará, que a Vale tem tido dificuldade para obter licenças ambientais para projetos de mineração. Ele destacou que a legislação ambiental brasileira é uma das mais exigentes do mundo.

Agnelli contou que já recebeu a licença prévia de Vermelho, mas falta a licença de implementação. E enfatizou que a Vale tem "como política, como prática e dever, cumprir todas as legislações ambientais, as mais rígidas, no Brasil, no Canadá ou na Austrália, ou em qualquer outro lugar". "Temos procurado ser muito responsáveis nas práticas de respeito ao meio ambiente."