Título: Syngenta pesquisa sementes no Brasil
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 17/10/2006, Agronegócios, p. B11

O mercado brasileiro de hortaliças cresce mais que no resto do mundo, o que tem motivado as empresas multinacionais de sementes a desenvolver pesquisas no país. A anglo-suíça Syngenta Seeds, por exemplo, dobrou a produção de sementes para o segmento este ano, obtendo no Brasil resultados superiores aos das vendas de cultivares de soja - um de seus carros-chefes, ao lado do milho.

A oferta de sementes de hortaliças da Syngenta passou de 20 milhões para cerca de 40 milhões de unidades neste ano no país. Com o sucesso das vendas, a empresa começou a investir no desenvolvimento de variedades no país. Atualmente, todas as sementes comercializadas pela multinacional são desenvolvidas nos Estados Unidos e testadas nos demais países em que atua.

Até o fim do ano, o grupo inaugura em Aracati (CE) uma estação de pesquisa de sementes de melão, melancia e abóboras, que recebeu investimento de US$ 1,1 milhão. "Vamos desenvolver variedades o ano que vem, complementando as pesquisas feitas nos Estados Unidos", afirma Esteban Gastaldi, gerente da divisão Rogers da Syngenta Seeds para América Latina.

Ele observa que hoje, as sementes geradas em território americano e testadas no Brasil atendem a mercados como Itália, Espanha e Oriente Médio. "O Brasil hoje é fonte para geração de informações sobre culturas tropicais, além de ser um país com grande potencial de expansão. As variedades desenvolvidas nos EUA são adaptadas ao clima temperado", diz Gastaldi.

No Brasil, a Syngenta Rogers mantém duas unidades de testes de hortaliças, em Itatiba (SP) e Uberlândia (MG). Somente no segmento de tomates, a empresa testa no Brasil entre 300 e 400 variedades por ano e, desse total, três ou quatro chegam ao mercado. Na Argentina, compara, são testadas entre 30 e 40 variedades por ano. Na América do Sul, a empresa também testa sementes na Colômbia, na Venezuela, no Chile e no Peru.

Conforme Gastaldi, as vendas no país expandem-se principalmente nos segmentos de melão e melancia voltados à exportação, tomate e milho doce para o mercado interno. Entre os projetos está o desenvolvimento de uma parceria entre a empresa, produtores de São Paulo e uma rede varejista para a produção de uma variedade de melancia pequena (1,5 quilo) e sem sementes, fornecida hoje principalmente aos Estados Unidos.

No segmento de milho doce, a empresa também fez acordo com produtores para elevar a produção desse item e entrar no mercado de milho in natura, hoje ocupado por outras variedades. A meta da Syngenta Rogers é duplicar a participação de mercado em cinco anos, tornando-se líder. Hoje disputam a liderança deste segmento a americana Seminis, do grupo Monsanto, e a brasileira Agristar. A Syngenta conta com 15% de participação.

Hoje o segmento de hortaliças representa 15,3% da receita do grupo na América Latina, superando o segmento de sementes de soja, por exemplo, que representa 3,1% do faturamento da empresa na região. A baixa participação em soja está relacionada à dificuldade da empresa em obter aprovação de variedades transgênicas na região - que é seu foco no mercado global. A Syngenta Rogers prevê faturar este ano US$ 15,7 milhões na América Latina, ante US$ 11,8 milhões em 2005.