Título: Prestígio em queda
Autor: Verdini, Liana
Fonte: Correio Braziliense, 13/11/2010, Economia, p. 15

O presidente americano, Barack Obama, negou ontem, em Seul, ter perdido influência e prestígio no cenário internacional, após a derrota de seu partido nas eleições legislativas de meio de mandato. ¿Não¿, respondeu Obama, monossilabicamente, ao ser perguntado, em entrevista coletiva concedida no fim da cúpula do G-20, se suas dificuldades nos Estados Unidos haviam reduzido a influência dele no exterior.

O presidente americano destacou, em seguida, a importância do seu país, ao ressaltar que os asiáticos queriam trabalhar com os Estados Unidos em temas relacionados com economia e segurança. ¿O que estou dizendo é que tenho a impressão de que os meus vínculos foram reforçados com as pessoas com as quais tenho trabalhado aqui¿, respondeu, Obama.

Ele comparou o momento de ¿euforia¿ que cercou sua eleição à Presidência dos Estados Unidos, em novembro de 2008, ao atual, de ¿amizades sinceras¿ que tem construído ao longo destas cúpulas internacionais, mencionando, entre outros, o premiê indiano, Manmohan Singh. ¿Compartilhamos um grau de compreensão mútua e de prazer trabalhando juntos que não existia quando era novo no cenário internacional¿, disse o chefe de Estado americano, dias depois de sua visita de 72 horas a este país asiático em plena expansão.

Obama citou outros dois dirigentes com os quais mantém este tipo de relação: a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. Disse partilhar com eles vários âmbitos de entendimento, apesar de opiniões muito diferentes sobre alguns temas. Obama também disse ter sentido a mesma sensação agradável com o anfitrião desta cúpula do G20, o presidente sul-coreano, Lee Myung-Bak, embora não tenham conseguido assinar, na quinta-feira, um acordo de livre comércio entre os dois países.

Dificuldade No entanto, negociar com o presidente chinês, Hu Jintao, parece menos fácil para Obama. ¿Não era mais fácil conversar sobre divisas nem mesmo depois da minha eleição e quando tinha uma taxa de popularidade de 65%¿, declarou o presidente. ¿Era difícil na ocasião e é difícil agora. Porque os interesses deste país estão em jogo e tudo isto não vai se resolver facilmente¿, acrescentou. Obama deixou Seul à noite, rumo ao Japão, onde participará da cúpula da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec) em Yokohama, perto de Tóquio, última etapa de um giro de oito dias pela Ásia.