Título: Dólar respeita 'banda' mesmo com leilão de swap
Autor: Castro , José de
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2012, Finanças, p. C2

O tímido impacto sobre a taxa de câmbio do leilão de swap cambial reverso, realizado ontem pelo Banco Central, refletiu o quanto o movimento já estava embutido nos preços. Condiz com o objetivo da autoridade monetária de minimizar ao máximo a volatilidade no câmbio, mantendo o dólar equilibrado, sem comprometer o crescimento econômico ou o cenário de inflação.

Segundo operadores, a pesquisa informal conduzida pelo BC na terça-feira entre dealers de câmbio para mensurar a demanda por swaps reversos foi mais um sinal de que a autoridade monetária defenderá o piso de R$ 2,00. Na ocasião, o dólar voltou a se aproximar desse nível, fechando na mínima do dia, a R$ 2,016, menor cotação desde 20 de agosto.

Ontem, o mercado abriu em leve alta, em torno de 0,2%, já colocando no preço um eventual leilão. Os ajustes, realizados na véspera, se refletiram no volume do interbancário da terça, mais de uma vez e meia maior que o giro do dia anterior. Quando o BC anunciou o efetivamente o leilão, o dólar praticamente não se mexeu, subindo 0,29%. No fechamento, a alta se acentuou, para 0,55%, com a moeda encerrando o dia cotada a R$ 2,027

"O BC claramente quer manter o dólar acima de R$ 2,00, mas esse não é o único objetivo. Ele quer evitar ao máximo a volatilidade, acreditando que deixar o dólar mais previsível é tão importante quanto manter a taxa num nível que ajude a indústria", disse um profissional da área de mercados de um banco.

A volatilidade histórica do dólar para 21 dias, uma medida do grau de variação da taxa de câmbio, está nos menores níveis em cerca de um ano e meio, oscilando entre 15% e 16%. Desde pelo menos 2 de julho o dólar não termina a sessão fora do intervalo entre R$ 2,00 e R$ 2,05. Nessa data, a moeda americana fechou em R$ 1,9870 na venda, ao passo que a última vez em que a divisa encerrou a sessão acima de R$ 2,05 foi em 28 de junho, quando terminou em R$ 2,076.

"Seria necessária uma liquidez muito grande para tirar o dólar desse intervalo, liquidez bem maior que essa que o mercado tem precificado em relação ao Fed", disse o profissional, referindo-se à expectativa de que o Federal Reserve, o BC americano, anuncie hoje nova rodada de estímulos monetários.

Para o gerente de câmbio de uma corretora em São Paulo, a postura do BC de manter o câmbio "travado" nesse intervalo reflete a intenção da autoridade monetária de oferecer impulso à economia via uma recuperação das exportações. "O exportador fecha contratos não para amanhã, mas para três, quatro meses, até um ano. Ele precisa de uma ideia mínima de quanto vai estar o dólar", disse. "O BC sabe disso e age para tentar dar alguma previsibilidade ao dólar." (Colaborou José Sergio Osse)