Título: Mais pessimista que o BC, Fazenda reduz projeção de alta do PIB para 2%
Autor: Simão , Edna
Fonte: Valor Econômico, 14/09/2012, Brasil, p. A3

O crescimento da economia brasileira neste ano, segundo o Ministério da Fazenda, será de 2% - abaixo do avanço do ano passado, de 2,7%. Essa é a nova estimativa do governo, anunciada ontem pelo ministro Guido Mantega, que até então trabalhava com uma expansão de 3%. Com isso, Mantega passa a ser mais pessimista que o Banco Central (BC), que prevê avanço de 2,5% no ano, de acordo com o último relatório de inflação.

A revisão da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 deverá ser publicada na próxima semana, no relatório de avaliação de receitas e despesas do Ministério do Planejamento, informou o ministro.

A nova previsão foi feita quase três meses depois de Mantega considerar "uma piada" a estimativa de crescimento de 1,5%, feita pelo banco Credit Suisse. De acordo com o mais recente boletim Focus do BC, o PIB deve avançar 1,62%.

Mantega disse que a previsão de 2% leva em conta o desempenho ruim da atividade econômica na primeira metade do ano. "O segundo semestre será bem melhor, mas o primeiro semestre nos puxa para baixo na média. Deveremos ter um crescimento em torno de 2%."

O ministro reafirmou a expectativa de que a economia estará com expansão anualizada de 4% no fim do ano. "Manteremos esse ritmo em 2013", disse. Isso será possível com a redução dos custos energético, tributário e financeiro, que vão "convergir para dar mais competitividade à empresa nacional", afirmou.

"Não sou eu quem diz isso, são várias análises", afirmou Mantega. Segundo o ministro, os indicadores de atividade mostram uma recuperação em curso. Entre eles, estaria a alta nas vendas no varejo em julho de 7,1%, frente ao mesmo mês do ano passado.

No começo do ano, as previsões eram mais otimistas, com o Ministério da Fazenda trabalhando com a estimativa de 4,5% de crescimento. No entanto, as avaliações foram sistematicamente colocadas para baixo. O discurso era de que não se repetiria o "pibinho" de 2011, que ficou em 2,7%.

Sobre câmbio, o ministro da Fazenda manteve a postura de sempre. Está pronto para atuar, caso a nova rodada de expansão monetária, anunciada ontem nos Estados Unidos, resulte em queda do dólar. "Não deixaremos ocorrer uma valorização do real por conta disso", disse o ministro. Na avaliação de Mantega, o país já enfrentou outras rodadas de estímulo nos Estados Unidos e obteve sucesso. "Estamos com o real em patamar mais competitivo."

O ministro da Fazenda disse que ainda é prematuro falar em ações, mas destacou que tem o "arsenal de medidas para enfrentar as consequências" do BC americano. Para Mantega, o desejável seria que essa expansão monetária viabilizasse um crescimento da produção nos Estados Unidos e não "atrapalhasse os mercados emergentes." Isso "seria bom para todo mundo", mas não foi o que aconteceu, disse. (EC, TR e ES)