Título: Analistas projetam alta moderada do indicador de atividade do Banco Central
Autor: Lorenzo , Francine De
Fonte: Valor Econômico, 14/09/2012, Brasil, p. A4

A antecipação das compras de automóveis em junho, por causa do incentivo fiscal concedido pelo governo, deve dar o tom de uma retomada ainda gradual da atividade no início do segundo semestre. A expectativa é de alta moderada em julho do índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que procura replicar o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) no período.

Após avanço de 0,75% em junho, a média das estimativas de nove departamentos econômicos e consultorias ouvidas pelo Valor Data é de aumento de 0,42% em julho, na comparação com o mês anterior, feitos ajustes sazonais. As estimativas variam entre 0,1% e 0,8% e o resultado será divulgado hoje pelo BC.

O número, ainda modesto, não afeta as perspectivas de forte retomada da economia no segundo semestre. Para Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, o resultado do comércio afetou o ritmo da economia no início do ano, mas isso não deve se repetir nos próximos meses, porque o ajuste ocorreu principalmente em função da elevada base de comparação.

Em julho, de acordo com o resultado divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do varejo ampliado (que considera material de construção e automóveis) recuaram 1,5%, o que Bacciotti atribui à antecipação de consumo de veículos em junho, quando o setor avançou 6,2% por causa da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros. “Além disso, a produção industrial teve processo ainda bem incipiente de aumento da produção, com uma alta de 0,3% em julho”, explica o economista.

Leandro Padulla, economista da MCM Consultores, também acredita que o varejo teve influência negativa no início do segundo semestre, mas avalia que a alta da produção industrial e da construção civil no período sustentaram um ritmo razoável. No mês, a produção de insumos típicos da construção civil subiu 1,2%. Esses indicadores, diz o economista, contribuíram para um avanço de 0,5% do IBC-Br no mês.

Nas contas do Itaú Unibanco, a alta deve ter sido inferior, de 0,3% em julho. O PIB mensal calculado pelo banco aponta para avanço ainda menor da atividade, de 0,1%, afetado pela fraqueza das vendas no varejo ampliado e do consumo de energia elétrica e gás. No entanto, para o economista Aurélio Bicalho, além do desempenho da construção civil, a alta de 0,9% da atividade no setor de transportes também permitiu algum aumento da atividade no mês.

Apesar da perspectiva de que julho seja de alta moderada do IBC-Br, os economistas avaliam que os dados já disponíveis de agosto sugerem aceleração bem mais forte da atividade. Para o Itaú, o varejo ampliado deve crescer 2,2%, enquanto a produção industrial terá alta de 1,5% em agosto, em relação a julho.

A projeção preliminar da MCM para a produção industrial é de alta de 2% no mês, enquanto a Tendências calcula avanço de 1,6% no período, estimativa que, segundo Bacciotti, ainda pode sofrer revisão para cima.

Espera-se também, diz Bicalho em nota, que o avanço tenha sido mais disseminado do que em meses anteriores, quando a recuperação se deu principalmente no setor automotivo.

Para Bacciotti, da Tendências, o varejo também deve se recuperar da retração em julho. Por isso, diz ele, os indicadores divulgados até o momento sustentam a estimativa de crescimento de 1,1% do PIB no terceiro trimestre, em relação ao segundo, com ajuste.