Título: Dilma conhecerá hoje os pedidos dos aliados
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 14/11/2010, Política, p. 4

Presidente eleita, recém-chegada da viagem à Coreia do Sul com Lula, receberá dos dirigentes petistas um resumo dos pleitos dos partidos de sua base no Congresso

A presidente eleita, Dilma Rousseff, receberá hoje das mãos do presidente do PT, José Eduardo Dutra, um resumo com a reivindicações de aliados para a composição da Esplanada dos Ministérios a partir de janeiro. Um dos coordenadores da transição, Dutra conversou com os presidentes de todos os partidos da base aliada nas últimas semanas. De todos, ouviu pedidos de ampliação do atual espaço ocupado pelos partidos nos ministérios e nas estatais. A reunião de hoje, que deve contar ainda com os outros dois coordenadores, Antônio Palocci e José Eduardo Cardozo, servirá para delinear as ações do trio. Dilma deve seguir para Porto Alegre e ficar ao lado da filha, Paula, e do neto, Gabriel. Ontem, ela esteve reunida com Cardozo e Palocci em São Paulo.

Depois da agenda na Coreia do Sul ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião do G-20 ¿ grupo que reúne as maiores economias do mundo ¿, Dilma desembarcou em São Paulo ontem de manhã e foi direto ao Hospital Sírio-Libanês. Ao lado de Lula, visitou o vice-presidente, José Alencar, que está internado para tratamento de um câncer e recuperação de um enfarte, sofrido na quinta-feira. O atual e a futura presidente chegaram ao hospital às 9h25 e permaneceram no local por meia hora.

De acordo com a assessoria de Alencar, a dupla encontrou um vice-presidente bem disposto e caminhando. Ele teria até acompanhado ambos até o elevador, ao fim da visita. O vice melhorou das dores abdominais detectadas na sexta-feira. A indisposição pode ser resultado tanto da quimioterapia quanto do problema cardíaco.

Internado desde 25 de outubro por conta de uma obstrução intestinal, Alencar tem previsão de alta hospitalar nos próximos dias, de acordo com o cardiologista Roberto Kalil Filho. Segundo boletim médico divulgado ontem pela equipe médica responsável pelo vice-presidente, ele foi transferido para uma unidade semi-intensiva e seu estado é considerável estável do ponto de vista cardíaco. Ele seguirá o tratamento contra o câncer no intestino.

Bodas Depois da visita a Alencar, Lula partiu para São Bernardo do Campo, onde mantém residência, para participar do casamento de um amigo do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade. Só deve retornar a Brasília amanhã. Dilma teve uma reunião com Cardozo e Palocci para tratar de detalhes técnicos da transição. Hoje, deve ser a vez de Dutra passar o relatório político feito com pedidos de aliados. Dilma ainda planeja visitar os familiares no Rio Grande do Sul antes de voltar à capital, provavelmente na terça-feira.

A agenda com o trio de coordenadores inclui desde as reivindicações de aliados e sugestões para a composição dos ministérios até as recentes nomeações feitas para a equipe de transição. Uma das pessoas nomeadas, a secretária Christiane Araújo de Oliveira, acabou exonerada no dia seguinte à publicação do ato no Diário Oficial da União, quando surgiu a notícia de que ela constava da lista de envolvidos com a chamada Máfia dos Sanguessugas.

Reajuste Outro tema que fatalmente será analisado por Dilma até o final do feriado é o pacote de bondades que o governo quer evitar, mas que moveu praticamente todas as movimentações parlamentares na última semana. Somados, os projetos custariam R$ 120 bilhões ao Orçamento. Reajustes do salário mínimo e de servidores do Poder Judiciário, compensação da Lei Kandir e o aumento dos vencimentos de presidente, ministros e parlamentares estão dentro do pacote.

A ordem de Lula, chancelada por Dilma, é de que contas extras sejam evitadas ao máximo, para evitar prejuízos aos investimentos necessários para tocar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e outros programas, carros-chefes do governo federal, como o trem-bala entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro e as obras para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Morre chefe de gabinete de Temer Júlio Bono, chefe de gabinete do deputado e vice-presidente eleito, Michel Temer, morreu afogado em uma praia de Porto de Galinhas, em Pernambuco. Bono era coronel da reserva da PM-SP e trabalhava com Temer desde a época em que o parlamentar comandou a Secretaria de Segurança do estado, há cerca de vinte anos. O assessor descansava com a família em Pernambuco, depois de atuar na campanha presidencial. Bono era cotado para assumir a chefia de gabinete da Vice-Presidência. Temer recebeu a notícia em Buenos Aires, onde participa do 6º Foro Ibero-Americano de Parlamentares. O vice ficou abalado com a perda do assessor. ¿É uma perda inestimável, tanto quanto amigo quanto como profissional¿, lamentou Temer. O corpo de Bono será sepultado hoje, às 8h, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília.