Título: Trânsito em SP é reprovado por 80%, diz Ibope
Autor: Cunto , Raphael Di
Fonte: Valor Econômico, 18/09/2012, Política, p. A7

A percepção do paulistano sobre o trânsito tem piorado desde 2008, último ano do primeiro mandato do prefeito Gilberto Kassab (PSD). Segundo pesquisa Ibope divulgada ontem pela Rede Nossa São Paulo, 80% dos moradores com 16 anos ou mais consideram o trânsito péssimo ou ruim, contra apenas 5% que o avaliam como bom ou ótimo. Em 2008, o índice negativo era de 70%.

O trânsito foi o quarto problema mais citado na sondagem, que permitia apontar três áreas problemáticas. Foi lembrado por 32% da população, atrás de saúde (69%), segurança pública (45%) e educação (43%). Embora a mudança no ranking seja devido à piora na avaliação de outras áreas, também houve melhora relativa na percepção do paulistano sobre o trânsito - em 2011 este era o segundo maior problema para 43% dos moradores, contra 32% este ano.

A falta de mobilidade é um problema mais agudo para os usuários de carro, que são 49% dos moradores, de acordo com a pesquisa. O trânsito é citado como maior problema da cidade por 40% dos paulistanos que têm o automóvel como veículo diário ou praticamente diário, percentual que cai para 30% na fatia da população que usa outro meio de transporte.

Houve também melhora no tempo gasto para o paulistano se deslocar à sua principal atividade diária, como trabalho e estudo. Em 2009, a média de tempo gasto para se ir e voltar desses lugares era de 1h57min. Em 2012, a percepção foi de que esses trajetos demoraram, em média, 1h34min. Metade dos paulistanos leva de uma hora a duas horas por dia para ir e voltar do local de trabalho ou estudo.

Secretário-executivo da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi Pereira, disse que a atual gestão foi ineficiente, ao citar metas não cumpridas, como construção de corredores de ônibus e intervenções em pontos de congestionamentos - das 15 previstas, apenas uma foi concluída. "Falta planejamento", disse, ao criticar a inexistência de um conselho municipal para o setor e de um plano municipal de mobilidade.

As campanhas de educação no trânsito feitas por Kassab aumentaram a sensação de respeito à faixa de pedestres de 26% em 2011 para 47% este ano, diz a pesquisa. A principal alta foi no centro, principal alvo das campanhas, onde o índice saltou de 16% para 73%. Contudo, a nota dada para a sinalização para pedestres caiu de 4,7 para 2,8 no mesmo período e a nota para a quantidade de faixas foi de 4,8 para 3,9.

Candidatos a vereador de PT e PSDB, indicados para representar as coligações, concordaram no debate sobre a descentralização da cidade. O PRB, de Celso Russomanno, e o PMDB, de Gabriel Chalita, não indicaram nenhum representante.

O vereador Chico Macena (PT), tesoureiro da campanha de Fernando Haddad, defendeu o planejamento urbano como forma de levar o emprego para a periferia e utilizar as moradias vazias do centro para reduzir os deslocamentos diários da população. O petista ainda criticou os projetos de ciclovias do prefeito Kassab. "O poder público não reconhece como transporte as bicicletas, apenas como objeto de lazer, ao privilegiar as ciclofaixas aos fins de semana."

Apesar de José Serra (PSDB) pregar a continuidade do governo Kassab, o vereador Aurélio Nomura (PSDB) disse que os investimentos em melhorias viárias nunca serão suficientes se a prefeitura não levar os empregos para a periferia. "O subprefeito precisa de mais autonomia, tem que ser alguém que conheça muito bem a cidade e tenha orçamento para executar projetos."

Kassab colocou no cargo ex-coronéis da Polícia Militar, a maioria sem relação com a região onde atuam, e retirou parte do orçamento das subprefeituras. Nomura não soube dizer, porém, qual a proposta de Serra para a descentralizar a gestão.