Título: Contas não precisam de IED, afirma Mantega
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 18/10/2006, Finanças, p. C1

O Brasil, hoje, não precisa mais de investimento estrangeiro direto (IED) para fechar seu balanço de pagamentos. O superávit em transações correntes equivale a 1,5% do PIB e a poupança interna alcançou 22% do produto. Além disso, "está sobrando capital estrangeiro das exportações". Esses foram os argumentos citados pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega, para minimizar os efeitos da queda de 17% do IED em 2005. Ele acredita que essa redução não é uma tendência.

No ano passado, segundo relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o Brasil recebeu US$ 15 bilhões em IED, o que representa queda de 17% em relação ao ano anterior.

Mantega admitiu que o país quer o investimento de longo prazo e este seria o momento de um grande afluxo de capitais porque, segundo sua interpretação, há solidez das condições da economia brasileira. o ministro ponderou que o IED varia de ano para ano. Por algum motivo, esse investimento recuou em 2005. Mas Mantega alertou para o equívoco de comparar o período atual com o pico do IED, no final dos anos 90. Isso porque, naqueles anos, a privatização atraiu muitos recursos.

O investimento estrangeiro direto, segundo Mantega, depende das oportunidades e do planejamento das empresas. "Não podemos olhar só para um ano. Há uma oscilação normal. Uma empresa pode adiar seus projetos por um ano, por razões internas ou por problemas ambientais", disse.

Para ele, relevante é o crescimento da poupança interna. O ministro alertou que é o movimento oposto ao que ocorreu no passado, quando o Brasil cresceu com poupança externa e teve um salto em sua dívida. "Nossa poupança interna é equivalente a 22% do PIB e cobre todos os investimentos que estamos fazendo. Isso considerando as aplicações em bolsas, em previdência complementar e no mercado imobiliário", afirmou.

Quanto aos investimentos em geral, Mantega também citou que, neste ano, serão maiores que em 2005. Portanto, concluiu que não há um impacto negativo das eleições. Se em 2005 os investimentos cresceram 2,6%, o ministro da Fazenda aposta que eles vão aumentar 7% e 2006. "Desejamos IED mas não precisamos dele para fechar as contas como no passado. Esta é uma queda momentânea, ocasional. Não é uma tendência", disse.

Na previsão de Mantega, o IED será maior em 2007 porque vai haver mais crescimento do PIB e menos juros.