Título: Repsol alerta sobre entraves para cumprir conteúdo local
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 18/09/2012, Empresas, p. B6

O presidente da Repsol Sinopec do Brasil, José Maria Moreno, está preocupado com a indisponibilidade de estaleiros no Brasil, tomados por encomendas da Petrobras. Sócia investidora da estatal na bacia de Santos, a espanhola é a operadora bloco BM-C-33, no pré-sal da bacia de Campos, onde foram descobertos os reservatórios Pão de Açúcar, Seat e Gávea. Com reservas estimadas em 700 milhões de barris de petróleo e 3 trilhões de pés cúbicos (TCFs) de gás natural, o que é um volume considerável de recursos

A área ainda está em fase de exploração e não teve a comercialidade declarada, primeiro passo para o início da fase de investimentos anterior à produção. A preocupação de Moreno é como estará o mercado em 2015, quando a Repsol e os sócios Statoil (35%) e Petrobras (30%) terão de tomar a decisão final sobre os investimentos necessários para iniciar a produção de petróleo e gás na área, o que está previsto para 2020. A média de conteúdo local dos equipamentos e serviços é de 60% a 65%.

"O conteúdo local é um problema. A indústria local esta saturada e esse é um setor que não pode improvisar. Não precisamos só de estaleiros como também de gente preparada", disse Moreno em entrevista ao Valor ontem, na 30ª edição da Rio Oil & Gas.

A Repsol Sinopec é sócia da Petrobras no pré-sal de Santos, com 25% de Sapinhoá (antigo Guará) e Carioca e conhece bem as dificuldades enfrentadas pela indústria para cumprir os percentuais de compras de conteúdo local para honrar o compromisso assumido com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). O compromisso foi assumido quando essas áreas foram adquiridas através de licitação.

"Como fazer se todos os estaleiros estiverem ocupados? Onde vamos construir uma FPSO e onde vamos integrar [a plataforma]"?, indagou Moreno. "A alternativa seria alugar uma FPSO. Isso sairá mais caro, mas fazer o quê?, continuou o executivo.

Moreno expõe um problema que poucas empresas estrangeiras assumem, que é a dificuldade de acesso ao parque naval que está sendo construído empurrado pela Petrobras, mas que pode não ter espaço para empresas com menor número de encomendas, já que nenhuma estrangeira terá o volume de projetos sequer próximo ao da estatal.

Por enquanto o presidente da Repsol Sinopec está satisfeito por ter conseguido alugar, por três anos, uma sonda da Ocean Rig para operar no Brasil a partir de setembro de 2013. O equipamento vai para o BM-C-33 para perfurar até seis poços na área, um investimento estimado em US$ 1 bilhão. Uma sísmica de terceira dimensão (3D) vai investigar a existência de um quarto reservatório nesse bloco.

A Repsol Sinopec também encontrou petróleo nos reservatórios apelidados de Vampira e Panoramix, também na bacia de Santos, em águas rasas.