Título: Furnas vai reduzir em 35% o quadro de funcionários
Autor: Nogueira , Marta
Fonte: Valor Econômico, 18/09/2012, Empresas, p. B10

Furnas está trabalhando para reduzir em 35% o quadro de funcionários da companhia, dos 6.401 empregados que existiam no início de 2011 para 4.174 até o fim de 2018. Com a iniciativa, que tem como objetivo otimizar custos e ganhar eficiência, a empresa planeja diminuir em 22% os gastos anuais com pessoal, material, serviços e outros (PMSO) até 2018, passando de R$ 1,98 bilhão, previstos para serem empenhados este ano, para R$ 1,54 bilhão em 2018.

A meta faz parte de uma série de medidas adotadas pela empresa, desde fevereiro do ano passado, para melhorar a eficiência operacional. "Furnas não estava preparada, como ainda não está, para o modelo que se instalou no país há muitos anos", disse o presidente da empresa, Flavio Decat, fazendo referência ao marco regulatório do setor, adotado em 2004. O executivo ressaltou que enquanto a receita operacional líquida (ROL) da empresa cresceu 7%, entre 2004 e 2011, de R$ 6,7 bilhões para R$ 7,1 bilhões, as despesas com PMSO aumentaram cerca de 50%, no mesmo período, de R$ 1,1 bilhão para R$ 1,7 bilhão.

Decat participou ontem de cerimônia na sede de Furnas, no Rio, para anunciar um projeto de reestruturação organizacional, batizado de PRO-Furnas. O novo programa será conduzido pela consultoria internacional Roland Berger Strategy Consultants, que fará um diagnóstico com plano de ações, com apoio de US$ 500 mil do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O convênio vai vigorar por um ano e a nova estrutura começa a ser implantada até março.

Para atingir a redução de 35% da força de trabalho, a companhia está atuando em duas frentes. Uma delas é o Plano de Readequação do Quadro de Funcionários (Preq), que prevê o desligamento voluntário de funcionários até julho de 2013 e novas admissões por meio de concurso público, o que trará redução de 28% do efetivo. Além disso, acordos com a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e o Ministério Público do Trabalho encerraram pendência judicial com a mão de obra terceirizada. Os acordos permitem a saída dos cerca de 1.300 funcionários terceirizados, de forma escalonada.

Decat também afirmou que os cerca de 450 gerentes da companhia tornaram-se interinos. Segundo o executivo, 70% deles são aposentados ou aposentáveis e 30% já aderiram ao plano de aposentadoria incentivada. Outra meta da companhia é o crescimento dos atuais 25% da margem Ebitda para 70% nos próximos quatro anos. "Esse número [25%] é ineficiente", afirmou.

O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, presente no evento, destacou que outras empresas do grupo também estão passando por uma reestruturação, que poderão ser anunciadas em breve. Segundo ele, as melhorias são ainda mais urgentes depois que o governo anunciou o pacote de redução das tarifas de energia. "Pode ser que essas medidas tão necessárias [pacote de energia anunciado] possam ser uma espécie de limão amargo para nós [companhias do setor elétrico]", disse Carvalho Neto. "Mas eu acho que vamos transformar esse limão amargo em uma limonada ou em uma caipirinha muito saborosa", completou.