Título: Ao lado de Maggi, ministro anuncia pacote de energia
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 19/10/2006, Política, p. A6

A dez dias do segundo turno das eleições presidenciais, o ministro das Minas de Energia, Silas Rondeau, anuncia hoje, em Cuiabá, um pacote de investimentos para o setor elétrico em Mato Grosso. Na lista de ações estão a ampliação do programa Luz para Todos no Estado, usinas hidrelétricas e linhas de transmissão.

O anúncio, que ocorre logo após o apoio público dado pelo governador Blairo Maggi (PPS) à campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trará poucas novidades e está sendo duramente criticado pela oposição. "Nunca a máquina pública foi usada tão sem limites", afirmou o senador Antero Paes de Barros (PSDB), derrotado por Maggi no primeiro turno das eleições para governador. As obras a serem anunciadas por Rondeau incluem pequenas centrais hidrelétricas que sequer têm estudos de impacto ambiental e são uma "espalhafatosa mentira", disse o senador.

No primeiro turno, o tucano Geraldo Alckmin obteve 54,82% dos votos no Estado. Lula alcançou 38,65% e o PT conta com a ajuda de Maggi para virar o jogo.

O ministro deverá anunciar investimentos superiores a R$ 12 bilhões, mas os recursos serão distribuídos ao longo de dez anos. Eles referem-se a obras previstas no Plano Decenal de Energia, que traça um planejamento do setor até 2015. Para chegar a esse número, no entanto, será preciso incluir hidrelétricas já licitadas - como Dardanelos, no rio Aripuanã - e linhas de transmissão como Jauru-Vilhena, que irá a licitação em novembro.

Rondeau será ciceroneado por Maggi, reeleito com 65% dos votos válidos. Ele receberá o título de cidadão mato-grossense e dará entrevista ao lado do governador. Um dos carros-chefes do "pacote" será a ampliação do Luz para Todos, prioridade entre os programas sociais de Lula. A meta de ligações elétricas até 2008 deve subir de 40 mil residências, conforme previa o programa no Mato Grosso, para 78 mil. Isso demandará um investimento adicional de R$ 509 milhões - o governo banca 75% do total, por meio do repasse de tributos que incidem sobre as contas de energia.

Essa não é a primeira vez que o ministro escolhe datas próximas às eleições para anunciar investimentos. Em 28 de setembro, três dias antes do primeiro turno, Rondeau foi ao Amapá com novos anúncios do Luz para Todos. Ele subiu em palanques junto com o ex-presidente José Sarney (PMDB), que o indicou para o cargo e lutava com dificuldades pela reeleição como senador.

A assessoria do Ministério das Minas e Energia afirmou que não há relação entre a visita de Rondeau ao Mato Grosso e o calendário eleitoral. O governo do Estado deu a mesma versão. Segundo os dois lados, a ida do ministro estava programada desde antes do primeiro turno das eleições.

O secretário-adjunto de Indústria, Comércio, Minas e Energia de Mato Grosso, José Epaminondas Matos Conceição, disse que uma das principais preocupações do governo estadual é a retomada da usina termelétrica do Pantanal. Ela tem capacidade para gerar 520 megawatts de energia, mas está praticamente paralisada por causa do corte no fornecimento de gás natural da Bolívia. Em condições normais, o fornecimento é de 2,8 milhões de metros cúbicos de gás por dia.

Essa quantidade foi reduzida a 600 mil metros cúbicos diários no fim de setembro e zerou em outubro. O assunto será discutido com Rondeau e o governo de Mato Grosso pedirá para incluir representantes na missão oficial a La Paz que o ministro deverá liderar. A viagem estava prevista para 9 de outubro, mas foi cancelada. Já houve três cortes de energia na região metropolitana de Cuiabá por causa do problema.