Título: Serra evita ataque direto a oponentes e coloca como alvo os réus do mensalão
Autor: Bouças , Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 17/09/2012, Política, p. A13

A três semanas da realização do primeiro turno das eleições, o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, evitou fazer ataques diretos aos seus adversários durante o discurso que pronunciou ontem, em um encontro com moradores da região do Ipiranga, na zona sul de São Paulo. Nos últimos dias, o candidato adotou como alvo integrantes do PT acusados de participar do esquema do mensalão e que apoiam a candidatura do petista Fernando Haddad.

Serra não falou com a imprensa e, em seu discurso, não fez atacou os oponentes. O tucano limitou-se a afirmar que, diferentemente de outros candidatos, não anuncia "projetos mirabolantes". "Eu não sei fazer programa [eleitoral] com efeitos especiais. Não sei vender terreno na lua", disse. Serra citou o serviço de transporte Fura-Fila como exemplo de "projeto mirabolante" que "come o dinheiro do povo e acaba mal". E afirmou que os ex-prefeitos Celso Pitta (PTB) e Marta Suplicy (PT) gastaram mais de R$ 600 milhões no Fura-Fila e deixaram a prefeitura endividada.

As críticas mais acirradas ficaram a cargo do deputado estadual Orlando Morando (PSDB). Em um discurso inflamado e aplaudido pelos eleitores que lotaram a quadra da escola de samba Imperador do Ipiranga, fez ataques diretos ao candidato do PRB, Celso Russomanno. "Vocês querem um prefeito, cujo lema é trocar um liquidificador quebrado?"

Na pesquisa do Ibope divulgada quinta-feira, Serra e Haddad apresentam empate técnico. Serra aparece com 19% das intenções de voto e Haddad com 15%. Ambos perderam um ponto percentual em relação à pesquisa divulgada na semana anterior. Celso Russomanno (PRB) lidera com 35%, quatro pontos percentuais a mais que na semana anterior.

No sábado, Serra defendeu que o Ministério Público e a Justiça investiguem denúncias, atribuídas pela revista "Veja" ao empresário Marcos Valério, de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chefiava o esquema do mensalão. O candidato do PSDB já vinha explorando o tema do mensalão para atacar Haddad durante o horário eleitoral.

Em meio à disputa com o petista, o candidato tucano obteve ontem uma liminar para suspender a veiculação de uma inserção na TV da campanha de Haddad, com a imagem de Serra quebrando um vaso. O juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Henrique Harris Júnior, que concedeu a liminar, considerou que "a propaganda tem, pelo menos em tese, conteúdo degradante". Haddad tem 48 horas para apresentar defesa.