Título: Para segurar inflação, Venezuela quer apertar o controle dos preços
Autor: Associated Press
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2007, Internacional, p. A13

O governo da Venezuela prepara um plano para conter a alta da inflação que incluirá, entre outras medidas, um aperto no controle de preços.

O presidente da Comissão de Finanças do Congresso, Ricardo Sanguino, disse ontem que o plano prevê interromper o ritmo da taxa da inflação, que fechou no ano passado em 17%, a marca mais alta da América Latina.

Sanguino afirmou que o plano antiinflação - que está sendo elaborado em conjunto com o Ministério das Finanças - envolveria medidas "econômicas, políticas, industriais", além de "ajustes de caráter tributário" e o que ele chamou de "melhoria" nos sistemas de controle de preços.

Desde 2003, 400 bens e serviços estão sujeitos a controle de preços por parte do governo, segundo o jornal venezuelano, "El Nacional".

Sanguino não deu mais detalhes do projeto, mas acrescentou que não haverá mudanças no controle de câmbio imposto também em 2003 numa tentativa de estabilizar a economia depois de uma crise política que balançou o país.

Ontem, por conta dessas restrições cambiais, a Toyota anunciou que poderá fechar sua unidade no país porque o governo estaria se recusando a vender dólares necessários para os fornecedores importarem matéria-prima. A montadora reclama que Caracas proíbe desde dezembro a venda da moeda americana para a importação de certos produtos usados na fabricação de automóveis.

Segundo Sanguino, as linhas de ação do plano serão discutidas na próxima reunião econômica do gabinete e depois submetidas ao presidente Hugo Chávez.

Com um nível quase recorde da elevação dos gastos públicos - em particular para programas sociais que incluem alimentos subsidiados para os pobres e transferências em dinheiro para mães solteiras -, o governo tem ajudado a impulsionar a inflação. Na segunda-feira, o Banco Central venezuelano informou que entre janeiro e novembro de 2006, os gastos do governo cresceram 51%. O déficit fiscal disparou.

Apesar do forte crescimento, a economia da Venezuela não tem produzido bens e serviços em quantidade suficiente para compensar o excesso de liqüidez.

Enquanto isso, restrições do governo para evitar que os venezuelanos invistam seus dinheiro no exterior forçam os recursos a ficarem na economia local.

Alguns analistas afirmam que a inflação atual é ainda maior do que revelam o índices, argumentando que os dados oficiais são comprometidos pelo fato de os técnicos do Banco Central darem muito peso nos seus cálculos aos produtos com preços controlados vendidos nos supermercados subsidiados pelo governo. Em janeiro, a taxa de inflação subiu 2%, um ritmo acima do comum para esta época do ano. Anualizada, a inflação ficou em 18,4% no mês, a maior marca dos últimos dois anos.