Título: Superávit é utilizado para ajustar os perfis
Autor: Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2007, Finanças, p. C8

Os fundos têm aproveitado a temporada de "vacas gordas" para adotar premissas mais conservadoras e evitar sofrer no futuro sustos como os que algumas fundações tiveram no passado. Em 2002, por exemplo, com a bolsa num patamar de 9 mil pontos e o IGP-M chegando quase a 30%, os déficits e problemas de investimentos malsucedidos que alguns fundos tinham só aumentaram. Por isso, muitos deles já começaram a aproveitar as sobras para corrigir algumas premissas que determinam o quanto eles precisam ter para honrar os pagamentos das aposentadorias no futuro.

A mais recente medida é o uso dos valores do superávit para começar a reduzir a projeção de taxa de juro, o chamado juro atuarial. A Previ e a Eletros já cortaram, respectivamente, 0,25 e 0,5 ponto percentual. Para o presidente da Abrapp, Fernando Pimentel, isso pode se tornar uma tendência. "Acredito que os outros fundos vão começar a analisar isso, eu mesmo estou fazendo um estudo sobre a necessidade de reduzir o juro", diz Pimentel, que também é presidente da Fundação Atlântico, fundo dos funcionários da Telemar, que fazia parte da antiga Sistel.

Alguns fundos foram ousados e decidiram fazer uma atualização de várias premissas mesmo sem ter ainda o superávit suficiente para absorver a diferença gerada nas contas. Foi o caso da Petros. O fundo atualizou premissas como a taxa de rotatividade de funcionários, previsão de inflação e tábua de mortalidade, que estavam muito distantes dos números reais apurados pelo fundo. O resultado foi um aumento no déficit que era de R$ 800 milhões para cerca de R$ 5,3 milhões. Segundo informações do fundo, porém, com os superávits obtidos nos últimos dois anos, esse exigível se reduziu e é agora de R$ 2,860 bilhões. A rentabilidade em 2006 foi de 18,6%.

A Funcef também foi previdente e consumiu R$ 7 bilhões em superávits dos últimos anos para reajustar o pagamento de benefícios e atualizar a tábua atuarial, que nunca tinha sido ajustada. A Sabesprev foi na mesma linha e ajustou a tábua. Por conta disso, acumulou déficit de R$ 491 milhões. (CV e ASJ)