Título: STF descarta inclusão de Lula na ação
Autor: Basile , Juliano
Fonte: Valor Econômico, 19/09/2012, Política, p. A7

O revisor do processo do mensalão, ministro Ricardo Lewandowski, afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) deve continuar o julgamento com base nas provas que estão nos autos, e, por isso, não deve levar em conta a reportagem da revista "Veja" em que o publicitário Marcos Valério aparece declarando a interlocutores que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia do suposto esquema de compra de votos e participou de reuniões sobre o caso no Palácio do Planalto.

"Eu não li [a reportagem]", disse Lewandowski. "Nesse julgamento, todos os dados estão lançados. Vamos julgar o que está os autos. Não podemos trazer para os autos o que está fora", argumentou.

O ministro Marco Aurélio Mello afirmou que ainda não tem certeza sobre as declarações do publicitário. "Parece que ele desmentiu tudo", disse. "Eu não sei se [Lula] era chefe ou se não era chefe [de um suposto esquema criminoso]", continuou o ministro. "O presidente Lula foi chefe de Estado, foi chefe de governo e ainda por cima é um homem safo", completou Marco Aurélio.

Hoje, o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, retoma o seu voto sobre o quarto dos sete itens do julgamento - a acusação de compra de apoio político no Congresso. Na segunda-feira, Barbosa votou pela condenação dos parlamentares do PP que teriam sido beneficiados com saques às vésperas de votações importantes no Congresso. Hoje, o relator deve votar acusações contra parlamentares do PL (atual PR), do PTB e do PMDB. Se houver tempo, Barbosa também vai se manifestar a respeito das acusações de corrupção envolvendo o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, acusados de comandar o suposto esquema de repasse de dinheiro para políticos.

A expectativa é a de que Barbosa tome a sessão toda de hoje com o seu voto. Caso ele consiga concluir, Lewandowski vai se manifestar em seguida e também deve tomar duas sessões para concluir o quarto item.

O presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, afirmou que a realização de sessões extras para agilizar o julgamento do mensalão depende do relator, mas a inclinação da Corte, no momento, é a de não aprovar mais essa proposta. "Vai depender do ministro Joaquim. Se ele levar [a proposta] à sessão, nós vamos analisar", disse Britto.

"Eu acho que a gente está chegando a uma conclusão de que [a sessão extra] não tem uma eficácia prática", afirmou o ministro Luiz Fux. Marco Aurélio disse ser favorável a sessões extras para julgar outras causas, mas não o mensalão: "Nas duas últimas semanas, eu recebi mais de 350 processos. O STF não é tribunal de um único processo." O STF já fez 24 sessões sobre o mensalão e o julgamento ainda não chegou à metade. Os ministros estão no início da votação sobre o quarto de sete itens do processo.