Título: Para FHC, Serra é o candidato da mudança
Autor: Casado , Letícia
Fonte: Valor Econômico, 19/09/2012, Política, p. A13

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participou ontem de seu primeiro evento na campanha do candidato José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo. Engajado, Fernando Henrique direcionou seu discurso a humanizar as qualidades do colega que, segundo disse, lhe tornam "o candidato da mudança". Serra já propagado este mote no debate entre os candidatos na segunda-feira: "Me proponho a ser o prefeito da mudança".

"O Serra pode resolver os problemas porque ele foca", disse FHC, acrescentando que a classe média não quer apenas serviços básicos, "quer atenção." Os anseios desses paulistanos "que estão de alguma maneira flutuando nessa cidade imensa, querendo melhorar e irritados", estão sendo captados pelo PSDB, disse o ex-presidente.

O PSDB é situação no município desde 2005, quando o próprio Serra ocupou o cargo e, em 2006, o passou a Gilberto Kassab, que foi eleito em 2008 e está no fim do mandato.

Para Fernando Henrique, a classe média deve considerar que São Paulo melhorou. "Tudo isso é verdadeiro para quem não tem a perspectiva histórica do que era e o que é [a vida na capital]." Segundo ele, "adianta pouco dizer que estamos avançando", pois as pessoas "querem saber o que estão sentindo agora".

O evento também marcou o lançamento do manifesto "São Paulo com Serra", assinado por Marco Antonio Villa, Hélio Bicudo, Almino Affonso, Boris Fausto e Celso Lafer, entre outros. No documento, os intelectuais dizem apoiar Serra "porque aceitou defender os interesses da cidade quando foi chamado a concorrer ao governo do Estado para que este não caísse em mãos de aloprados" e "porque combatemos a turma do preconceito, do autoritarismo, do obscurantismo".

Outra razão para apoiar Serra é que ele "constrói AMAs em vez de explorar os doentes". Celso Russomanno (PRB), líder nas pesquisas de intenção de voto, ficou famoso ao filmar a morte da esposa nos anos 90.

O evento contou com a participação de militantes e simpatizantes do PSDB, em ato no cinema Reserva Cultural, na Avenida Paulista. Entre os presentes estava a atriz Bruna Lombardi, que se disse preocupada com o futuro da cena cultural da cidade, caso o eleito não seja Serra.

"Não sei se essa Renascença vai continuar", disse a atriz, dando ênfase à proliferação de eventos culturais na cidade e em uma referência velada a Russomanno, ligado à Igreja Universal. Serra está em segundo lugar, empatado tecnicamente com Fernando Haddad (PT). "O Iluminismo das artes pode mudar por outros valores", disse Bruna.

Segundo Fernando Henrique, a classe média passou a consumir mais produtos culturais o que aumentou a oferta do setor, como shows, apresentações teatrais e exposições de arte. "São Paulo se consolida como cidade cultural."

Sobre seu plano de governo para a área, Serra disse que vai criar três museus na capital - da canção brasileira, da moda e do automobilismo - e outras três bibliotecas, espelhadas na do Carandiru, zona norte.

Ele voltou a criticar a nomeação de Marta Suplicy para o Ministério da Cultura. Chamou de patrimonialismo" o que classificou como "trocar um ministro por apoio a um candidato". "O PT é bolchevismo sem utopia. O bolchevismo tinha, pelo menos, a utopia da igualdade."

Após a cerimônia, Serra conversou com jornalistas. Sobre o julgamento do mensalão, afirmou que "é o começo do fim da impunidade".