Título: Henrique Meirelles defende atuação no câmbio
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2007, Finanças, p. C2

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, defendeu ontem a atuação da instituição na política cambial e negou suposta pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para "segurar o dólar". Ele garantiu que o Banco Central vem seguindo a mesma política desde 2004, no sentido da acumulação de reservas. "O BC prossegue com sua bem sucedida política de acumulação de reservas. O BC trabalha com um regime de metas de inflação e não trabalha com um regime de metas de câmbio, algo que já foi tentado no Brasil e não deu certo", ponderou.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), fizeram críticas à política cambial. "O Banco Central está bobeando. Bobeou no ano passado e está bobeando de novo em desacelerar o ritmo da redução dos juros. Isso propiciou essa valorização do real que é uma questão que o BC está atento e deve responder nas suas próximas decisões", disse Marinho.

Para ele, o país está com juros reais altos e isso influencia o câmbio. "Esse é um debate que o BC tem de enfrentar de uma vez por todas. A política de câmbio flutuante está, aparentemente, sendo mal conduzida na medida que estamos assistindo ao dólar chegar aos R$ 2,00."

Berzoini, que está tentando retomar plenamente a presidência do partido depois que foi afastado para investigações sobre o dossiê Vedoin, informou, ao sair de uma reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que falou sobre a preocupação do PT em relação à necessidade de queda mais rápida nos juros e no impacto que ela pode continuar a ter no câmbio.

"Não sei se reduzir os juros é a única saída para o câmbio, mas precisamos ter equilíbrio para que a taxa de câmbio não prejudique setores importantes da economia, que competem nos mercados interno e externo com empresas extremamente ágeis que têm taxas mais favoráveis. Calçados, têxteis, móveis e eletroeletrônicos já começam a sofrer impacto significativo", disse.

O presidente do PT também revelou que pediu a Mantega que os cinco bancos federais tenham direções "comprometidas com o PAC e com o crescimento". Isso significa que essas instituições terão de continuar reduzindo os spreads para que o crédito seja cada vez mais amplo e viável para o crescimento da economia. Ele negou que tenha pedido nomes do PT à frente desses bancos, mas garantiu que o importante é gerar crédito a custo e prazos compatíveis com o crescimento.