Título: Transportes, alvo da cobiça
Autor: Pariz, Tiago; Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 17/11/2010, Política, p. 3

Dilma escolhe a pasta, disputada por PT, PMDB e PR, para iniciar radiografia de obras e projetos. Orçamento da área em 2011 prevê R$ 21 bilhões » » No calor da disputa dos partidos por cargos no futuro governo, a presidente eleita escolheu o Ministério dos Transportes para fazer o primeiro diagnóstico da Esplanada. No centro da briga entre PT, PMDB e PR, a pasta tem previsão orçamentária de R$ 21 bilhões para 2011 e vem despejando dinheiro em obras prioritárias. No segundo semestre deste ano, a liberação de recursos foi acelerada atendendo a um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entregar os projetos em estágio bem avançado à sucessora, Dilma Rousseff.

Levantamento do Correio com dados do Siafi mostra que os valores aplicados em projetos como Ferrovia Norte-Sul, Transnordestina, recuperação de rodovias, usados como bandeira pela então candidata petista, chegaram a R$ 3,1 bilhões entre julho e novembro deste ano. O valor é cerca de 10% superior aos R$ 2,8 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. Os recursos são do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, principais braços operacionais da pasta.

A liberação do dinheiro aumenta em setembro, quando saem dos dois órgãos R$ 811 milhões, mais do que o dobro dos R$ 344 milhões disponibilizados em agosto. No mês passado, em pleno calor eleitoral, R$ 1,2 bilhão foram injetados em rodovias e ferrovias, valor 50% superior ao dado imediatamente anterior.

Levando-se em conta só a liberação de recursos do Dnit nos 16 primeiros dias de novembro, cerca de R$ 310 milhões foram aplicados em obras, mais da metade dos R$ 559,8 milhões aplicados no mesmo mês de 2009. As principais empresas que tocam as obras do PAC são responsáveis pelo maior volume de doações na campanha pelo Palácio do Planalto.

Ontem, a presidente eleita destrinchou as obras de transportes que constam do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ela se reuniu com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, a coordenadora-geral do PAC, Miriam Belchior, e o deputado Antonio Palocci (PT-SP). O ministério é responsável pela maior parte dos recursos do PAC 2. São quase R$ 109 bilhões para o setor de transportes, com a metade desse volume destinado para ampliação do sistema rodoviário. Os partidos que apoiaram Dilma estão sedentos pelo controle da pasta que hoje está nas mãos do PR. PMDB e PT brigam nos bastidores para tomar o comando do cofre da infraestrutura.

Caixa As empresas de construção civil abasteceram o caixa do Diretório Nacional do PT com R$ 32,3 milhões. A maior doadora é a Andrade Gutierrez, responsável pela Ferrovia Norte-Sul, que aplicou R$ 10 milhões no Diretório Nacional do partido. Em seguida aparece a Queiroz Galvão. Juntas, as duas receberam só neste ano R$ 363,8 milhões em dinheiro federal.

No início da campanha, Lula convocou seus assessores e disse que gostaria de inaugurar o maior número de obras até o fim de seu mandato. Nesse período, o presidente fez seguidas entregas de projetos, com efeito indireto na candidatura de sua então candidata. Dilma deve promover novos encontros para se informar sobre o andamento dos outros setores incluídos no PAC.

Colaborou Luciana Bezerra, especial para o Correio

Investimentos Os principais braços executores do Ministério dos Transportes são o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias. As despesas com obras cresceram a partir do segundo semestre deste ano.

Dnit Valec Janeiro - 0 - 0

Fevereiro - 0 - 0

Março - 45 milhões - 0

Abril - 134,6 milhões - 7,1 milhões

Maio - 396 milhões - 14 milhões

Junho - 328 milhões - 216,2 milhões

Julho - 279,1 milhões - 41,5 milhões

Agosto - 172,9 milhões - 172,5 milhões

Setembro - 530,6 milhões - 281 milhões

Outubro - 967,7 milhões - 268 milhões

Novembro* - 309,7 milhões - 25,8 milhões

*Dados até o dia 16. Fonte: Siafi