Título: Executiva do PFL aprova mudança para PD
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2007, Política, p. A12

Com 22 anos de existência e uma história recente marcada por revezes eleitorais, o Partido da Frente Liberal (PFL) vai trocar de nome, para marcar a refundação da legenda. A Comissão Executiva Nacional aprovou ontem o novo nome: Partido Democrata (PD). A troca precisa ser referendada em convenção nacional extraordinária, marcada para 28 de março.

A convenção também vai eleger o novo comando do partido, a ser entregue a parlamentares novos da legenda. "Precisamos transferir o comando para novas gerações, que conduzam o partido pelos próximos 20 anos. O partido precisa ser oxigenado", afirmou o atual presidente, ex-senador Jorge Bornhausen (SC).

O catarinense defende que a legenda seja comandada por um colegiado, adotando uma espécie de modelo parlamentarista para a executiva. Os mais cotados para presidi-lo são os deputados Antonio Carlos Magalhães Neto (BA) e Onyx Lorenzoni (RS), líder da bancada pefelista na Câmara.

Análise do desempenho do partido realizada pelo sociólogo Antônio Lavareda, da consultoria MCI, mostrou que o número de candidatos do PFL vem sendo reduzido a cada eleição - o que também reflete na quantidade de eleitores. Iniciado em 2004, o trabalho pela refundação do partido tem entre seus objetivos atrair novos quadros.

Na convenção extraordinária de 28 de março, além do novo nome e da transferência do comando partidário, serão aprovados, também, o novo estatuto, a carta de princípios, e o programa de refundação e a criação do conselho político.

Bornhausen disse que a fundação do partido, há 22 anos, foi uma tarefa "difícil" num país sem segurança jurídica. Lembrou que a legenda foi fundada para participar da transição para a democracia plena sem sequelas. Afirmou que hoje a situação é diferente. "A luta política agora é populismo versus democracia", disse o ex-senador.

Com a nova carta de princípios, o partido quer defender de forma clara bandeiras liberais, como as privatizações, o fim da CPMF (Contribuição sobre Movimentação Financeira) e a extinção das medidas provisórias. Com um discurso mais assertivo, o novo PD pretende atrair políticos e eleitores jovens.

Bornhausen deixou claro que a meta é fortalecer quadros para voltar a disputar cargos executivos com competitividade. Na eleição de outubro, o PFL elegeu apenas um governador, José Roberto Arruda, do Distrito Federal.

"É uma nova etapa que se inicia. Cabe à nova geração caminhar na busca do poder", disse o presidente do PFL. Segundo ele, o trabalho eleitoral começará pela eleição municipal. O PD buscará disputar as eleições nos 100 maiores municípios. A refundação prevê a possibilidade de fusão e incorporação de outra siglas menores. Bornhausen negou que a nova postura do partido signifique afastamento do PSDB, ao qual ficou atrelado nas últimas eleições presidenciais. Disse que as duas legendas continuarão atuando juntas na oposição.

Ele citou que o partido teve pré-candidatos competitivos para a Presidência da República, como o deputado Luis Eduardo Magalhães (BA), morto em 98, a senadora Roseana Sarney (MA) - cuja candidatura, em 2002, foi derrubada depois de uma operação da Polícia Federal em empresa da família, e o prefeito César Maia, do Rio de Janeiro, desgastado com críticas à sua gestão.