Título: Financiamento afeta compra de máquinas no exterior
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 20/10/2006, Brasil, p. A3

As exportações e as importações brasileiras aceleraram no terceiro trimestre do ano. A quantidade de produtos vendida pelo país no exterior cresceu 6,6% entre julho e setembro em relação a igual período do ano anterior, depois de avançar apenas 2% no primeiro semestre. Já o volume de importações do Brasil subiu 18% no terceiro trimestre e 11% de janeiro a junho. Os dados foram calculados pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Para Fernando Ribeiro, economista da Funcex, o ritmo mais forte das importações é conseqüência do aquecimento da economia, que impulsionou as vendas no varejo. Com o dólar barato, consumidores e empresas tendem a optar pelo produto importado. As importações de bens de consumo não duráveis cresceram 20% no terceiro trimestre contra 5% no primeiro semestre. As compras de bens intermediários avançaram 18% de julho a agosto e 12% de janeiro a junho.

As compras externas de bens de capital recuaram um pouco nos últimos meses, mas seguem em ritmo forte. No primeiro semestre, as importações de máquinas saltaram 29%. No terceiro trimestre, a alta foi de 23%. O avanço dos importados nesse setor enfrenta um bloqueio importante: financiamento.

César Cini, diretor-presidente da Cinex, empresa que produtos insumos para fabricantes de móveis, conta que optou recentemente por uma máquina nacional porque teria acesso aos juros mais baixos do programa Finame do BNDES. "Se não fosse pelo financiamento, teria comprado a máquina italiana, que estava mais barata", diz o empresário.

Ribeiro afirma que uma recuperação das exportações era esperada, depois do fraco desempenho de maio e junho, que foi prejudicado pela greve dos fiscais da Receita Federal. No acumulado em 12 meses até setembro, a quantidade exportada cresce 4%. Ribeiro estima que o volume de exportação aumente entre 3,5% e 4% em 2006, um ritmo mais fraco que a alta de 9% em 2005, 9% em 2004 e 16% em 2003. O desempenho desse ano deve ser inferior ao crescimento mundial das quantidades exportadas, que deve chegar a 7%.

Na exportação, a melhor performance foi dos semimanufaturados. Depois de cair 2,1% no primeiro semestre, a quantidade embarcada desse produtos avançou 15% no terceiro trimestre. Um dos fatores que influenciou no resultado foi a retomada das operações de um dos alto-fornos da CSN. A quantidade exportada de produtos manufaturados cresceu 4,3% no terceiro trimestre e 3,2% no semestre. Nos produtos básicos, o aumento foi de 1,7% no semestre e 9,3% de julho a setembro. (RL)