Título: Pedido feito, pedido aceito
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 18/11/2010, Política, p. 5

Dilma deve acatar a demanda do PT, que cobra um ministério na área de infraestrutura. Definições na Esplanada saem em dezembroDilma deve acatar a demanda do PT, que cobra um ministério na área de infraestrutura. Definições na Esplanada saem em dezembro

A presidente eleita, Dilma Rousseff, deverá atender a demanda do PT com um ministério na área de infraestrutura. A tendência é ela contemplar seu partido com Cidades, pasta que hoje está nas mãos do PP. O nome mais forte é o do ex-prefeito de Diadema (SP) e tesoureiro da campanha, José de Filippi Júnior. Ele, no entanto, enfrentará uma disputa para conquistar o posto. O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e a senadora eleita Marta Suplicy figuram também na bolsa de apostas internas do PT. O nome da ex-prefeita paulistana, no entanto, é considerado azarão.

Hoje, os petistas não comandam nenhuma pasta de infraestrutura. Minas e Energia deverá ficar mesmo com o senador Edison Lobão (PMDB-MA); Transportes, que está nas mãos do PR, é área de litígio com o PMDB; e a Integração Nacional, cota peemedebista, é alvo de lobby do PSB. Dilma quer colocar pessoas de confiança nesse setor por considerá-lo sua vitrine política. Foi da área elétrica que ela surgiu para o mundo político. A presidente eleita também quer evitar a disputa política em torno da Saúde, que hoje está nas mãos do PMDB, e pretende nomear alguém de sua confiança, que pode ou não ter ligações partidárias.

Dilma mandou dois recados aos partidos que a apoiam. As nomeações só sairão na segunda quinzena de dezembro e ela não vai montar o governo engessada pelo atual desenho da Esplanada dos Ministérios, elaborado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ¿O ano que vem não é o nono ano do governo Lula, é o primeiro ano do governo Dilma. Ela tem todo o direito de fazer o desenho que bem entender¿, afirmou um interlocutor da presidente eleita. A proposta de manter os atuais espaços dos partidos foi do futuro vice-presidente, o peemedebista Michel Temer. O PMDB chegou a fazer um acordo com PR e PP que previa que as legendas não cobiçariam os cargos alheios.

Para acalmar os partidos aliados diante desse rearranjo da Esplanada, os negociadores de Dilma dizem que ninguém sairá perdendo: as siglas serão compensadas com pastas de importância equivalente ¿ leia-se orçamento. ¿Tudo estará resolvido até 15 de dezembro¿, afirmou Michel Temer.

Equipe econômica Enquanto Dilma tenta esfriar a sanha dos partidos aliados mandando sinais por meio de interlocutores, a expectativa está toda voltada para a indicação, até sábado, dos nomes que farão parte da futura equipe econômica. O mais certo é a confirmação de Guido Mantega na Fazenda.

Os outros cargos em jogo são o Ministério do Planejamento e o Banco Central (BC). Para a pasta responsável pelo orçamento e a gestão de recursos humanos da União, os nomes citados são do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e do secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa. O PMDB dá como certa a indicação de Coutinho.

No BC, a hipótese é manter Henrique Meirelles por pelo menos um ano. O outro cenário é indicar o gaúcho Alexandre Trombini, diretor de Normas e Organização da instituição. ¿Os únicos que sabem os indicados são a Dilma, o Lula e quem ela convidou. E aposto que o convite veio com uma ameaça: se o nome vazar, o convite estará desfeito¿, afirmou um outro aliado da presidente.

Os nomes da equipe econômica foram discutidos em reunião na noite de terça-feira entre Dilma, Lula e o deputado Antonio Palocci (PT-SP), chefe da equipe de transição.